segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Cada vez mais perto do tetra

Texto originalmente publicado em 24 setembro 2013 em #ElasComentam
O final de semana em Cingapura não foi diferente dos últimos que acompanhamos na Fórmula 1. Sebastian Vettel largou na frente pela 41ª vez na carreira, liderou toda a corrida e venceu, assim como fez em 2012 e 2011 na prova noturna do circuito de Marina Bay. Além disso, o piloto da Red Bull alcançou o que chamamos de Grand Chelem: pole position, volta mais rápida e a vitória de ponta a ponta.
Ao conquistar a 33ª vitória da carreira, o alemão ultrapassa Fernando Alonso como quarto piloto que mais venceu na F1. Se pensarmos em pilotos em atividade, Vettel ainda tem muitas chances de aumentar esse número já que tem apenas 26 anos e está na Red Bull com três títulos mundiais (e mais um a caminho). Enquanto Alonso, 32 anos, segue na Ferrari e com dois títulos, sendo o último deles conquistado em 2006 pela Renault.
Depois de 13 provas, Vettel subiu ao pódio (incluindo a corrida de Cingapura) em dez corridas, sendo sete delas em primeiro lugar. Ele não terminou apenas a etapa da Inglaterra, quando o carro da Red Bull quebrou faltando dez voltas para o final. Já Fernando Alonso foi sete vezes ao pódio e conquistou apenas duas vitórias. Assim como Vettel, o espanhol não completou uma prova, a da Malasia, quando logo depois da largada teve a asa dianteira danificada por um toque com o carro da Red Bull e foi parar na caixa de brita.
Apesar do tricampeão estar praticamente com a mão na taça deste ano, e de Cingapura ter sido a corrida mais sonolenta da temporada, a etapa do fim de semana merece dois destaques: Fernando Alonso e Kimi Räikkönen. Os campeões mundiais – que no próximo ano serão companheiros na equipe de Maranello – completaram o pódio depois de fazer uma corridaça: largaram em 7º e em 13º e terminaram a prova 2º e em 3º lugares respectivamente. Embora Alonso saiba que a diferença de 60 pontos para Vettel fique cada vez mais longe de ser reduzida é impressionante como o espanhol mostra garra e determinação a cada corrida.
E ainda falando de Alonso, o espanhol protagonizou uma cena curiosa no final da prova ao dar carona para o colega Mark Webber. O australiano abandonou na última volta e o espanhol o levou para os boxes a bordo da Ferrari. Mas o gesto rendeu advertência aos pilotos. Alonso levou um puxãozinho de orelha por “dirigir o carro de maneira que possa ser considerado potencialmente perigoso para outros pilotos ou qualquer pessoa”. Mas Webber, que já tinha sido advertido outras vezes (por bater em Nico Rosberg no GP do Bahrein e ignorar bandeiras amarelas no GP do Canadá) foi punido com a perda de dez posições no grid de largada do GP da Coreia do Sul, a próxima etapa do campeonato. Segundo a organização da prova, o australiano violou o regulamento ao “entrar na pista sem permissão dos responsáveis entre a volta de apresentação e momento que o último carro ainda estiver no parque fechado”.
A cena, sem dúvida, levou os telespectadores a uma viagem no tempo: GP da Inglaterra, 1991, quando Ayrton Senna pegou uma carona na Williams de Nigel Mansell. O brasileiro ficou sem combustível depois da bandeirada e o inglês, que tinha acabado de vencer a prova, levou Senna até os boxes.
Bons tempos em que a categoria não era tão rigorosa com seus pilotos.
#Rapidinhas
FIAWEC – Bruno Senna conquistou a segunda vitória na temporada do Campeonato Mundial de Endurance no final de semana no Circuito das Américas, em Austin, nos Estados Unidos. Depois de não terminar as provas de Le Mans e Interlagos, o piloto brasileiro fez uma boa corrida e, ao lado do francês Fredéric Makowieck conquistou a vitória com o carro #99 da equipe Aston Martin na categoria GTE-PRO.
GP2 – Em Cingapura, Felipe Nasr ficou bem perto da primeira vitória na temporada. Na primeira corrida no sábado, o brasileiro liderava quando, faltando quatro voltas para o final foi ultrapassado por Jolyon Palmer, companheiro da equipe Carlin. Já no domingo, Nasr terminou na 16ª posição e faltando duas provas para o fim do campeonato, dá adeus à disputa pelo campeonato que agora está entre o britânico Sam Bird e o suíço Fabio Leimer.
Crédito das fotos: AFP
Twitter: @prikinder

domingo, 22 de setembro de 2013

Um kart. Uma história

Desde que acompanho a Fórmula Indy e a carreira de Dario Franchitti, tenho a certeza de que ele é um dos grandes caras que escreveu com louvor a história no automobilismo. O escocês tem quatro títulos mundiais e três vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis. 

Mas uma parte anterior a essa história está no vídeo que foi publicado em maio deste ano. Conta a história do primeiro kart de Dario. Como foi comprado, vendido e depois restaurado pelo pai, George Franchitti. 

O melhor disso é a reação dele quando revê o antigo carrinho... fico emocionada todas as vezes que vejo essa cena. Confiram:

Levantou poeira

texto publicado originalmente em 14 de agosto 2013 no site #ElasComentam

A sétima etapa da Stock Car disputada em Ribeirão Preto durante o fim de semana poderia ter tido facilmente uma trilha sonora: “Poeira”, de Sergio Reis. Resgatando algumas raízes do interior paulista, lembrei-me de que a música fala de um carro de boi que vai levantando poeira, poeira vermelha no sertão. No caso do automobilismo quem levantou muita poeira vermelha, mas no asfalto e com carro de turismo, foi Thiago Camilo (Ipiranga-RCM). Depois da largada ele passou de quinto para o terceiro lugar e com as ultrapassagens sobre Átila Abreu (Mobil Super Pioneer Racing) e Max Wilson (Eurofarma RC) nas voltas finais, o piloto do carro #21 conquistou a primeira vitória do ano e a 14ª na carreira.
Apesar de a corrida ser disputada em Ribeirão Preto pela quarta vez, o traçado agora é outro. A pista deixou de ser do lado do Mercadão, na zona sul, e foi para o Distrito Industrial, zona norte da cidade. A mudança fez diferença: como as ruas do novo circuito eram mais largas, foi possível acompanhar várias ultrapassagens e disputas por posições. Nas provas anteriores isso praticamente não existia porque a pista era estreita e sair nas primeiras filas era o que costumava garantir um bom resultado.
E falando em novidades, quem também era a atração da prova de Ribeirão era o “Pé Vermelho”(*) das pistas, Helio Castroneves. Apesar da maioria das pessoas acharem que ele é nativo da Califórnia Brasileira, ele nasceu em São Paulo. Com dois anos de idade, foi com a família para a cidade localizada no centro do estado. Viveu lá até 1995 quando se mudou para a Inglaterra, para disputar a Fórmula 3 Britânica. Seu Helio e dona Sandra vivem em Ribeirão Preto até hoje.
Mas, quiseram os deuses da velocidade (sim, sempre eles) que o piloto da Penske, líder do campeonato da Fórmula Indy, não disputasse a corrida em casa. Na sexta-feira anterior à prova, a bordo do carro da equipe Shell Racing/A. Mattheis Motorsport, Castroneves participava de um treino extra, justamente por ser convidado da categoria. Na reta, a 180 km/h, ficou sem freios, bateu no muro paralelo à pista e depois na barreira de proteção a 101 km/h. (Muro esse que, segundo a assessoria de imprensa do piloto, ele tinha apontado na quinta-feira como um ponto perigoso na pista.). O resultado: três pontos na canela, dores musculares e o veto do diretor médico da categoria, Dino Altmann.
Há quem diga que o problema com Castroneves foi muito ruim para a imagem da Stock Car. E que para ele correr na categoria, disputando um campeonato internacional, era um risco. Mas, mesmo com o acidente e fora da prova do domingo, todo mundo só falava dele e se tornou o centro das atenções. No final das contas, Helio assistiu a corrida na cabine de transmissão da TV Globo e ficou na função de comentarista convidado, ao lado de Sérgio Mauricio e Reginaldo Leme. E não é que ele até se saiu bem!?
A ideia de trazer pilotos internacionais para disputar campeonatos no Brasil sempre chama a atenção da mídia (e do público) e deveria ser melhor aproveitada. Isso me faz lembrar o final do ano passado com a Corrida do Milhão, em Interlagos. Assim como em Ribeirão Preto, os ingressos se esgotaram rapidamente porque na pista também estavam três pilotos que disputaram o campeonato da Indy em 2012: Helio Castroneves, Rubens Barrichello e Tony Kanaan. Todo mundo queria vê-los, estar perto e guardar uma lembrança. E isso sempre atrai muita gente para os autódromos.
A vitória em Ribeirão Preto levou Thiago Camilo ao terceiro lugar no campeonato, com 112 pontos. O novo líder é Cacá Bueno (Red Bull Racing) com 124 pontos, e Ricardo Maurício (Eurofarma RC), ocupa o segundo lugar, com 123 pontos. Faltando cinco provas para o fim da temporada, a briga pelo título está cada vez mais acirrada. A próxima etapa será disputada em Cascavel, no Paraná, no dia 01 de setembro.
Fotos: Duda Bairros/Stock Car
(*) “Pé Vermelho” ou “Caipira” significa que a pessoa é do interior dos estados de São Paulo, Paraná ou Goiás. No livro “O Caminho da Vitória” (Ed. Gaia, 2011), Helio Castroneves conta que em São Paulo, aos 12 anos, treinava com cerca de vinte pilotos da mesma idade, entre eles Tony Kanaan, Felipe Giaffone, Bruno Junqueira, Rodrigo Casarini e Enrique Bernoldi. Eles o chamavam de Caipira ou de Pé Vermelho, por causa da terra vermelha de Ribeirão Preto. “Eu fazia de tudo para provar a eles que, mesmo sendo um Pé Vermelho, era um Pé Vermelho bom”. (Acho que ele conseguiu!)
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Vitórias especiais: disciplina e equilíbrio


texto originalmente publicado em 08 de agosto 2013 no site #ElasComentam

A temporada 2013 da Fórmula Truck é uma das mais equilibradas dos últimos tempos: depois de seis etapas, os seis primeiros colocados no campeonato estão separados por apenas seis pontos.

Coincidência ou não, o número seis também está presente em outra marca, a de vencedores: Wellington Cirino/ABF Mercedes-Benz (Tarumã), Paulo Salustiano/ABF Racing Team (Londrina), Régis Boessio/Boessio Competições (Caruaru), Geraldo Piquet/ABF Mercedes-Benz (Goiânia), Beto Monteiro/Scuderia Iveco (Interlagos) e no final de semana, Felipe Giaffone/RM Competições (Cascavel). A vitória do tricampeão brasileiro (2007, 2009 e 2011) e campeão sul-americano (2011), somada ao abandono dos pilotos que ocupavam as três primeiras posições no campeonato (Piquet, Totti e Cirino), deixou ainda mais acirrada a disputa pelo título deste ano.

Apesar de Giaffone ter subido pela 17ª vez no lugar mais alto do pódio no Grande Prêmio Aurélio Batista Félix (idealizador da Fórmula Truck), dessa vez a vitória teve um gostinho especial: foi a primeira dele com o MAM TGX, da RM Competições. O caminhão estreou nas pistas no início da temporada e ganha cada vez mais espaço na categoria. No sábado, ele fez a pole position e bateu o recorde da pista. No domingo, aproveitou a vantagem de largar na frente e dominou a corrida praticamente de ponta a ponta.

Aos 38 anos, o piloto paulista mais parecia um menino ao celebrar a primeira colocação. Giaffone saiu do caminhão, subiu no teto da cabine, apoiou os antebraços e ficou de ponta cabeça. Deu tempo, ainda, de ver um sorriso largo que mostrava a alegria daquele momento especial. Mas bateu a curiosidade: afinal, o que significava aquela postura?

Primeiro pensei se aquela posição faria parte dos treinamentos que Felipe realiza no jiu-jístu… Ele é faixa preta e pratica a arte marcial há 20 anos, quando morava nos Estados Unidos. Mas foi a partir de 2007 que passou a se dedicar mais ao esporte que o ajuda na preparação de corpo e mente para se manter bem durante as provas. A disciplina traz o equilíbrio e contribui para bons resultados.

Mas também me lembrei das aulas da ioga. Foi aí que procurei ajuda e consultei uma especialista no assunto, minha amiga Thays Biasetti. Ela viu a foto e disse que ele estava em Pincha Mayurasana – ou postura da cauda do pavão. Entre os benefícios da posição, está o fortalecimento dos músculos das costas e dos ombros, além do alongamento dos músculos abdominais. A postura também aumenta o ânimo, melhora o senso de equilíbrio e acalma o cérebro. Mas ela deixa um alerta: as pessoas com tensão e dores nos ombros e pescoço devem tomar cuidado ao praticar essa postura. (Eu acrescento: não tente fazer essa posição quando estiver sozinho em casa e muito menos faça sem a supervisão de um professor de ioga. #Informei)

Para quem não se lembra, além de fazer parte da mais numerosa família de pilotos do automobilismo brasileiro, Giaffone começou a correr de kart aos 13 anos, disputou outras categorias e chegou, em 2001, na Indy Racing League (IRL) onde conquistou uma vitória no ano seguinte e ficou até 2006, somando 61 grandes prêmios.

E falando em Indy, o fim de semana em Mid-Ohio continuou sendo dominado pela equipe de Chip Ganassi. Dessa vez, Charlie Kimball aproveitou de uma boa estratégia e da oportunidade conquistada na pista para alcançar a primeira vitória na carreira e a quarta seguida da Ganassi na temporada.

Além dessa vitória, o americano também vence outra batalha: é o primeiro diabético a correr na Indy. Kimball tem Diabetes Tipo 1 e precisa tomar insulina diariamente. Quando descobriu a doença em 2007 chegou a pensar que nunca mais poderia correr. Mas o problema foi resolvido quando passou a disputar as provas com um dispositivo colado ao corpo que manda informações para o monitor de glicemia, no volante do carro. Ao contrário dos pilotos que bebem isotônico durante a corrida, Kimball carrega suco de laranja e toma quando a glicose está baixa. Se ele não tiver uma boa disciplina, o equilíbrio não funciona…

O piloto da “insulina aditivada” (o apelido foi dado carinhosamente por mim, desculpe Kimball se você não gostar) também mostrou que é bom de braço: durante boa parte da corrida travou um duelo com Simon Pagenaud (Schmidt Hamilton). O francês liderava a prova, mas foi ultrapassado pelo retardatário Ernesto Viso (Andretti Autosport). Foi aí que o piloto do carro #83 aproveitou a brecha e tomou a primeira posição de Pagenaud.

Na onda das estatísticas, não podemos esquecer que Kimball foi segundo na última corrida e venceu em Mid-Ohio. Então, se Ganassi continuar nesse ritmo, Dario Franchitti que conquistou o terceiro lugar no fim de semana, será o segundo na próxima prova em Sonoma (Califórnia, dia 25 de agosto) e venceria na etapa de Baltmore (Maryland, dia 01 de setembro.. oh não, é o mesmo dia das 6 Horas de São Paulo. Meu coração não aguentaria tantas emoções no mesmo dia!). Previsões à parte, o escocês está em sexto no campeonato com 342 pontos.

Já Helio Castroneves comemorou como uma vitória o sexto lugar em Mid Ohio e segue na liderança da Indy. O brasileiro largou na 14ª posição e além de contar com uma estratégia acertada da Penske, precisou ser mais agressivo durante a prova. Principalmente nas voltas finais, quando conseguiu segurar o vice-líder do campeonato, o neozelandês Scott Dixon (Ganassi), que terminou a prova em sétimo. Faltando cinco provas para o fim do campeonato, Castroneves tem 453 pontos e Dixon, 422 pontos. Tony Kanaan, infelizmente, não teve um bom fim de semana: problemas em um dos pneus depois do último pit stop fez o piloto da KV Racing abandonar a corrida.

Fotos:
Divulgação Fórmula Truck/Orlei Silva (Felipe Giaffone)
Michael L. Levitt/Lat Photo USA (Charlie Kimball)

Twitter: @prikinder

Turbo: um caracol acelerado

texto publicado originalmente em 23 de julho 2013 no site #ElasComentam

Turbo poderia ser mais uma história criada para divertir as férias da molecada ou mesmo uma animação sobre carros de corrida. Mas a ideia de um caracol sonhar em ser veloz e disputar as 500 Milhas de Indianápolis é bem curiosa.

A proposta do filme foi do diretor e co-roteirista David Soren, baseada na obsessão do filho pequeno com “todas as coisas rápidas e caramujos no quintal”. Ele uniu a lentidão à velocidade como principal argumento e levou o desafio para os estúdios da DreamWorks. A animação teve até consultoria de pilotos da IndyCar e agora está em cartaz em todo o país.
De dia, Theo trabalha no canteiro de tomates com outros caracóis. À noite, assiste as corridas da Indy 500 e se inspira no piloto francês Guy Champeón (ou Guy Gagne, na versão original), pentacampeão em Indianápolis, para realizar um sonho: ser o mais rápido e vencer a prova no oval mais conhecido do mundo.
Mas como isso poderia acontecer se Theo é só um caracol de jardim?
Como “nenhum sonho é grande demais, nenhum sonhador é pequeno demais”, depois de um acidente, a vida lenta do pequeno molusco ganha velocidade e ele se transforma em “Turbo”. E eu não vou contar mais sobre a história porque espero que você vá ao cinema, com ou sem crianças, curtir um filme que é bem divertido para quem gosta ou não de velocidade.
Assisti duas vezes ao filme* e notei que Turbo agrada aos pequenos e conquista quem é fã de corridas. Até porque a DreamWorks teve a preocupação de reproduzir com muita fidelidade as cenas no circuito da Indy 500. Deve ter sido um grande desafio transmitir ao espectador, por exemplo, a emoção de acompanhar um pequeno caracol no meio dos carros em alta velocidade. No cinema, alguns pais – que não sei dizer se eram ou não apaixonados ou não por automobilismo – até se empolgaram, mais do que os filhos, nas cenas que se passam dentro do Indianapolis Motor Speedway.
Para criar esse mundo de ilusões bem próximo ao real, os animadores tiveram de saber muitas informações sobre os carros e a corrida: como os pilotos pensavam, sentiam e agiam durante a prova. Foi aí que os veteranos Dario Franchitti e Tony Kanaan entraram na história para dar um apoio na produção do filme. Além do escocês, os pilotos Will Power (Penske) e o campeão da Indy500 em 1969, Mario Andretti, emprestaram suas vozes para a animação.
Eu que sonho um dia conhecer Indianápolis, tive a impressão de estar lá na maioria das vezes. (Tá bom, sou suspeita porque adoro corridas, mas o 3D ajuda muito se sentir mais próximo daquela “realidade”.) Isso rendeu arrepios e emoções mesmo sendo apenas um filme voltado para o público infantil… Um público que, ao simpatizar com um caracolzinho, pode encontrar em Turbo uma inspiração para gostar dos carros da Indy.
Veja mais sobre o filme Turbo:
 
E em dezembro, o canal de vídeo online Netflix em parceria com a DreamWorks vai lançar a série “Turbo: F.A.S.T (Fast Action Stunt Team) (ou Equipe de dublês de ação rápida). Na internet, a história começa com a última cena do filme e mostrará as viagens e os desafios do caracol e de sua equipe pelo mundo.
*Agradecimentos à assessoria de imprensa da Fox Filmes (Regina Buffolo) pelo convite da pré-estreia no Shopping Market Place.
Foto: DreamWorks/Divulgação
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Liderança ameaçada

texto publicado originalmente em 17 de junho 2013 no site #ElasComentam

Na semana passada, desejei lá na seção #Rapidinhas (que fica no final do texto) que o pódio triplo da equipe de Chip Ganassi, na pista oval de Pocono, pudesse servir de “inspiração e motivação” para o time voltar a vencer.
E não é que Scott Dixon deve ter mesmo se animado? Na IndyCar, ele venceu as duas corridas da rodada dupla disputadas no circuito misto de Toronto, no Canadá.
Além de se tornar o piloto em atividade com o maior número de vitórias (32 na carreira), o neozelandês do carro #9 assumiu a vice-liderança do campeonato. Agora está a 29 pontos do brasileiro Helio Castroneves, que tem 425 pontos. E deixou para trás o atual campeão, o norte-americano Ryan Hunter-Reay (Andretti), com 356 pontos.
As vitórias para a Ganassi só chegaram depois da metade da temporada, é verdade. Mas é bom relembrar que Dixon já tinha subido ao pódio ao conquistar o segundo lugar na corrida do Alabama. Pelos resultados, deu para notar também que o motor Honda evoluiu bastante depois da corrida em Indianápolis. Se o neozelandês não tivesse conquistado pontos importantes na primeira parte do campeonato, não adiantaria muito vencer três vezes seguidas.
Há quem diga que Dixon se manteve na primeira parte do campeonato numa disputa “na raça”, enquanto que o companheiro Dario Franchitti teria “perdido o fôlego”. Dois campeões mundiais e que estão há tanto tempo nas pistas dependem mais de um bom carro do que provar que são bons pilotos. Assim como Dixon, o  escocês subiu ao pódio nas duas últimas etapas: foi terceiro colocado em Pocono e na primeira prova de Toronto. Ele conseguiu a pole três vezes, mas só largou na frente em duas: Long Beach e a primeira corrida de Toronto (porque na primeira corrida de Detroit, o piloto foi punido e perdeu posições por conta de troca de motor). Faltando seis provas para o final da temporada, Franchitti ocupa a 7º posição no campeonato, com 307 pontos – o mesmo número de pontos do brasileiro Tony Kanaan (KV Racing), que tem uma vitória conquistada em Indianápolis.
Costumo dizer que regularidade, algumas vezes, faz mais diferença do que número de vitórias. E os pilotos costumam tirar bom proveito disso. Apenas Scott Dixon e James Hinchcliffe (Andretti) têm três vitórias na temporada. Mas o canadense está apenas na oitava posição com 305 pontos. Assim como Hinchcliffe, o piloto da Ganassi também não fez nenhuma pole, mas apareceu no TOP-10 em oito vezes na temporada. Diferentemente de Helio Castroneves, que se manteve no TOP-10 em 12 corridas (das 13 disputadas), conquistou a pole em Iowa (mas não largou na frente), subiu ao pódio cinco vezes, está na liderança há oito etapas, desde a primeira prova da rodada dupla em Detroit. Mas o piloto da Penske venceu apenas uma vez, no Texas.
Apesar da liderança brasileira, é preciso ficar de olho no campeonato. Dixon saiu de quinto para segundo em uma semana, e a próxima corrida, no dia 4 de agosto, será no circuito misto de Mid-Ohio. Pista em que o neozelandês venceu quatro vezes, sendo a última no ano passado. E Helio Castroneves venceu duas, nos anos 2000 e 2001.
crédito das fotos: Getty Images
#Rapidinhas
O troféu: Ainda falando da Indy, uma cena inusitada aconteceu no pódio da primeira corrida disputada em Toronto. Sebastien Bourdais (Dragon Racing), segundo lugar na prova, ficou com a base do troféu nas mãos. A parte de vidro descolou e o francês, incrédulo, acompanhou o troféu “quicando” até quebrar no chão do pódio… Na foto oficia aparecem os troféus inteiros de Dixon e Franchitti, além do pedacinho (com a base) que sobrou do troféu do Bordais. Mico total!
A vingança: Não sou de acompanhar a DTM (Deutsche Tourenwagen Masters), que é o campeonato de turismo alemão que conta com montadoras como Audi, BMW e Mercedes.  Mas no domingo acordei cedo e assisti as voltas finais da quinta etapa disputada no circuito de rua de Norisring. Eis que vi um verdadeiro “bate-bate” na disputa de posições. O piloto Edoardo Mortara (Audi) tocou na traseira de Gary Paffet (Mercedes). O inglês não gostou nada disso: algumas voltas depois revidou a batida e jogou o carro italiano no muro, causando um acidente que tirou os dois pilotos da prova. Não bastasse essa confusão, o piloto Mattias Ekstrom (Audi) venceu a prova, mas algumas horas depois foi penalizado pela direção da prova porque recebeu uma garrafa de água. Isso infringe o regulamento do campeonato, que diz que o piloto “não pode receber nenhum objeto de terceiros antes de passar pela pesagem”. Com isso a vitória foi para o canadense Robert Wickens (Mercedes), a primeira dele no DTM. Mas a Audi ainda vai recorrer da decisão, que será julgada pela federação alemã de automobilismo.
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"Um alívio vencer em casa"

texto publicado originalmente em 10 de julho 2013 no site #ElasComentam

Sebastian Vettel é o atual e mais jovem campeão da Fórmula 1. Tem três títulos mundiais, dezenas de vitórias, mas até o último domingo não tinha vencido na Alemanha. Conquistar o lugar mais alto do pódio em casa era um sonho que o piloto da Red Bull, nascido na pequena Heppenheim – cidade de 25 mil habitantes e a 70 quilômetros ao sul de Frankfurt – , havia tentado cinco vezes.
Mas, quiseram os “deuses da velocidade” que Vettel, que completou 26 anos no dia três, recebesse como presente de aniversário a bandeira quadriculada no circuito de Nürburgring. Mas somente quando chegasse na 30ª vitória da carreira (e a quarta nesta temporada). Segundo ele,foi  ”um alívio vencer a primeira em casa”. Só que não foi uma corrida das mais tranquilas, até porque nas últimas voltas Kimi Räikkönen (Lotus) estava mais rápido que o alemão. Mas foi um momento daqueles que só quem vence em casa sabe o que é viver essa emoção… Os olhos brilhavam, o sorriso irradiava alegria. E além do mais, Vettel ampliou a vantagem para o espanhol Fernando Alonso (Ferrari) e deu um importante passo rumo à conquista do tetra campeonato.
Dessa vez, os pneus não foram os protagonistas da corrida, tal como aconteceu no grande prêmio da Inglaterra. Em Silverstone, quatro compostos estouraram durante a prova, deixando pilotos e equipes bastante preocupados. No final das contas, a Pirelli passou a responsabilidade para as equipes ao informar que diferentes causas levaram às falhas de pneus no circuito inglês: pneus traseiros montados no sentido errado (pneus do lado direito no lado esquerdo e vice-versa), baixa pressão dos pneus (ou seja, se a condição de uso é diferente numa pressão mais baixa do que a indicada pelo fabricante, pode-se ter problema), cambagem extrema (é a inclinação da roda que cada carro de corrida tem para gerar a maior aderência lateral possível) e zebra alta (a zebra da curva quatro, por exemplo, teria sido a responsável pelos problemas nos pneus traseiros esquerdos).
Quem perdeu o rendimento na corrida depois dessa alteração nos pneus na Alemanha foi a Mercedes. A inversão dos compostos traseiros era o tal “pulo do gato” encontrado pela equipe sob o comando de Ross Brawn. E como a troca foi proibida pela Pirelli para essa corrida, a equipe alemã não contou com essa possibilidade e a vida deles não foi fácil… A fornecedora italiana também mandou para Nürburgring compostos com a cintura de kevlar (que é uma fibra sintética mais resistente e leve e que substitui o aço, que estava sendo usado nas rodas traseiras).  Diferentemente das últimas três provas, o rendimento dos pilotos não foi dos melhores: Lewis Hamilton, que saiu na pole, terminou a prova em quinto lugar e Nico Rosberg, em nono.
A próxima corrida será na Hungria, no dia 28, e assim chegamos na metade da temporada. Em Hungaroring, as temperaturas costumam ser altas, o que pode tornar complicada a administração dos pneus que, segundo a Pirelli, será um combinado da estrutura de 2012 com os compostos deste ano. Mais uma vez, a estratégia de pilotos e equipes vai fazer toda a diferença neste circuito travado e de muitas curvas, onde ultrapassar costuma ser difícil. E fica a dica: se você gosta de emoção, esta não costuma ser uma das melhores provas para se assistir… A não ser que Fernando Alonso resolva ali partir para o “tudo ou nada” (isso se o carro da Ferrari deixar) e diminuir a diferença de 34 pontos do líder Sebastian Vettel. A conferir!
#Rapidinhas
Imagens: No GP da Alemanha, duas cenas entraram para a história. A primeira: um pneu desgovernado que atropelou o cinegrafista Paul Allen na área dos pits. Atingido nas costas pela roda que se soltou do carro de Mark Webber (Red Bull) durante um pitstop, o britânico fraturou a clavícula e algumas costelas. A segunda: um carro-quase-fantasma. O motor da Marussia do francês Jules Bianchi (Marussia) quebrou e ele estacionou o carro. Até aí tudo normal se não fosse Bianchi sair do carro e segundos depois a Marussia andar de ré, atravessar tranquilamente a pista e só parar depois de passar por cima de uma placa de uma companhia de seguros… Isso até rendeu a entrada do safety car. Se isso tivesse acontecido em Interlagos e não na Alemanha já estaríamos ameaçados em perder o próximo GP. Alguém duvida?
Formula Truck: Na etapa de São Paulo da Fórmula Truck, a volta final foi de tirar o fôlego! O pernambucano Beto Monteiro (Scuderia Iveco) ultrapassou o paranaense Leandro Totti (RM-MAM Latin America), que liderou a maior parte da prova, e garantiu a primeira vitória dele em Interlagos – e a nona na carreira. Outro destaque também foi o italiano Alex Caffi, ex-piloto de Fórmula, que largou na 15ª posição e chegou em terceiro lugar.
Fórmula Indy: Na 11ª etapa disputada em Pocono (o trioval que voltou ao calendário da Indy depois de 24 anos), só deu Ganassi no pódio. A vitória ficou com o neozelandês Scott Dixon, seguido do norte-americano Charlie Kimball e do escocês Dario Franchitti. (Sim, eu amei ver o lindo do Franchitti feliz de novo!). Assim como Vettel, Dixon também conquistou a 30ª vitória da carreira. Foi bom ver os três carros do time de Chip Ganassi, dono de uma das equipes mais vencedoras e tradicionais da história da Indy, chegando na frente. Espero que isso sirva de inspiração e motivação para esse time voltar a vencer. Já Helio Castroneves (Penske) terminou a prova em oitavo lugar. E com o abandono do vice-líder Ryan Hunter-Reay (Andretti), manteve a liderança do campeonato com 356 pontos. Tony Kannan estava bem na prova, mas ao tocar a asa dianteira no carro de Scott Dixon teve que ir para os boxes. Terminou a prova em 13º. A próxima corrida será disputada em Toronto, no Canadá, em rodada dupla. Com direito a largada parada (igual a da F1) na primeira prova no próximo sábado, dia 13. A conferir!
Créditos das fotos: Getty Images e Luca Bruno/AP Photo
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Resistência e superação: Le Mans, 90 anos

texto publicado originalmente em 17 de junho 2013 no site #ElasComentam

O clima das 24 Horas de Le Mans, na França, era de festa para celebrar os 90 anos de uma das mais famosas corridas do automobilismo mundial, assim como o grande prêmio de Mônaco e as 500 Milhas de Indianápolis.
De acordo com o Automóvel Clube do Oeste, que organiza a prova, 245 mil pessoas estiveram no último fim de semana no circuito de La Sarthe, com 13,629 quilômetros de extensão, para acompanhar essa lendária corrida que também faz parte do campeonato mundial de Endurance (WEC). Uma prova longa, de clima instável, de resistência e superação.
No grid da 81ª edição da corrida, 56 carros inscritos e entre eles os protótipos das categorias LMP1, LMP2, mais os carros esporte da classe LMGTE-Pro e LMGTE-Am. E a presença de 13 fabricantes: Audi, Aston Martin, Corvette, Ferrari, Honda, Lola, Lotus, Morgan, Oreca, Porsche, SRT Viper, Toyota e Zytek.
Além de marcar a nona vitória do dinamarquês Tom Kristensen, um recorde em Le Mans, com o carro da equipe Audi R18 E-Tron Quattro #2 (pilotado pelo escocês Allan McNish e o francês Löic Duval), a prova contou com um momento triste: a morte do também dinamarquês Allan Simonsen, de 34 anos.
O piloto da Aston Martin, na categoria GTE-Am, perdeu o controle do carro na quarta volta e bateu forte na curva Tertre Rouge. O guard-rail precisou ser substituído e a corrida ficou em bandeira amarela por quase uma hora. Depois de três horas, a organização da prova informou que Simonsen não tinha resistido aos graves ferimentos. O dinamarquês foi o 22º piloto a morrer na história da corrida, o primeiro desde o francês Sébastien Enjoiras, em 1997, nos treinos livres, e o primeiro em corrida desde o austríaco Jo Gartner, em 1986.
Sem dúvida, um fim de semana triste para o automobilismo mundial e mais ainda para a Aston Martin, que contava com carros em duas categorias para comemorar o centenário. A equipe até cogitou deixar a prova assim que a morte de Simonsen foi confirmada, mas a pedido da família do dinamarquês a montadora se manteve na disputa. Não deve ter sido nada fácil para o pessoal da Aston Martin continuar correndo depois do acidente, mas isso mostra que o dever (ou seriam contratos?) ainda fala mais alto do que perdas humanas.
Entre os pilotos da montadora britânica em Le Mans estava o brasileiro Bruno Senna que tinha grandes chances de vitória com o Vantage V8. O carro #99 saiu na pole e seguia na liderança da GTE-Pro quando, na 19ª hora da corrida, o francês Frédéric Makowiek bateu. Com isso, a equipe que também contava com o britânico Bob Bell, abandonou a prova.
Outro piloto que colocou o nome na história da principal corrida de endurance foi Lucas di Grassi. Junto com o espanhol Marc Gené e o britânico Oliver Jarvis, o brasileiro – que estreava em Sarthe –, subiu ao pódio depois de terminar a prova em terceiro lugar com o carro #3 da Audi. E falando em Audi, os alemães conquistaram em Le Mans nada menos do que a 12ª vitória nas últimas 15 edições da corrida.
Confesso que não tem como não se apaixonar por esses carros… Ano passado, estive nas 6 Horas de São Paulo, em Interlagos, e acompanhei de dentro dos boxes da Audi o último pit-stop de Lucas di Grassi. As fotos não eram permitidas e por isso a imagem daquele carro híbrido está registrada apenas na memória. A lembrança ainda guarda o corre-corre dos mecânicos, o cheiro de borracha dos pneus e um som assustador dos motores: o da frente é elétrico e o traseiro, turbodiesel.
As corridas do mundial de Endurance não carregam a mesma tradição da Fórmula 1 e aqui no Brasil as pessoas não têm muita afinidade com esse tipo de prova. Mas quem quiser conhecer de perto essas máquinas vai ter a oportunidade de acompanhar a quarta etapa do campeonato mundial no dia 1º de setembro, em Interlagos. Não dá para perder.
“Às vezes nos esquecemos que o esporte a motor é perigoso. Nós sorrimos e levamos tudo positivamente, para fazermos bem nosso trabalho, mas o risco está sempre ali. Em uma prova como essa, tudo é levado ao limite, e talvez por isso que esta corrida seja tão encantadora e desafiadora.” (Emanuele Pirro, tricampeão das 24 Horas de Le Mans e ex-piloto de Fórmula 1, ao lamentar a morte de Allan Simonsen)
*crédito da foto: Jean Michel Le Meur – DPPIMedia
#rapidinhas
- Registro aqui também uma nota triste do fim de semana no Brasil: a morte de Cristiano Ferreira, de 29 anos, que competia na classe GP Light, categoria da Moto 1000 GP, em Interlagos, na tarde do domingo. O piloto gaúcho perdeu o controle da moto e caiu na segunda parte da curva do “S” do Senna. Segundo a direção da prova, ele foi atropelado por outro piloto. Cristiano foi atendido na pista e devido a gravidade do caso, levado ao hospital, onde faleceu.
- Fórmula Indy/GP de Iowa: No oval de menos de uma milha, o canadense James Hinchcliffe (Andretti) venceu pela terceira vez na temporada. O companheiro de equipe Ryan Hunter-Reay chegou em segundo e Tony Kanaan (KV Racing) em terceiro lugar. Helio Castroneves (Penske) terminou a prova em oitavo, mas o resultado ainda garantiu a liderança do campeonato. Agora, com 332 pontos, o piloto brasileiro está apenas nove pontos na frente do norte-americano Hunter-Reay. Bia Figueiredo, que disputou a prova pela Dale Coyne, não terminou a prova. A próxima etapa será disputada em Pocono, Pensilvânia, no dia 7 de julho.
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Na liderança

texto publicado originalmente em 17 de junho 2013 no site #ElasComentam

Na etapa de Milwaukee, em West Allis, no estado norte-americano de Wisconsin, Helio Castroneves foi o “Homem-Aranha” (**) do circuito oval. Não. O piloto da Penske não venceu, nem subiu no alambrado como fez no Texas no dia 8 de junho e nas outras 27 vitórias da carreira. A escalada, dessa vez, foi na pista durante a corrida. E o melhor de tudo: depois de nove etapas ele ainda segue na liderança.
Apesar de ter se tornado o “Mr. Texas” ao conquistar a quarta vitória em Fort Worth, e a primeira nesta temporada, o fim de semana começou sem muita expectativa para Castroneves. Durante o treino, problemas no ajuste da asa dianteira do carro #3 deixaram o piloto com o 18º lugar na classificação. Mas na largada saiu em 17º  porque Dario Franchitti (Ganassi) trocou o motor e perdeu dez posições no grid.
Começar a prova atrás não deve ter sido nada fácil, até porque correr em Milwaukee costuma ser um desafio. Apesar de só ter 1.015 milhas (ou 1,68 quilômetros), esse oval considerado um dos mais antigos do mundo (construído em 1903) conta com um traçado mais plano, já que as curvas quase não têm inclinações. O muro sempre parece estar próximo. As ultrapassagens, principalmente sobre os retardatários, são complicadas e nessa pista a pressão aerodinâmica é maior do que nas outras. O que se por um lado aumenta a aderência, por outro proporciona maior consumo de combustível e desgaste dos pneus.
E é aí que uma boa estratégia e o trabalho de equipe, somados à sorte de campeão, fazem a diferença!
Acredito que um acerto do carro mais adequado para a prova e a antecipação do primeiro pitstop, que veio em uma bandeira amarela provocada pelo acidente com Simona de Silvestro (KV Racing), foram fatores que, juntamente com a experiência de Helio, deram início à “escalada” do piloto durante a prova. Isso sem falar quando Marco Andretti (Andretti), o então vice-líder, teve problemas no reabastecimento, parou na pista e acabou retornando muitas voltas atrás, sem chances de alcançar Castroneves.
Em Milwaukee Mile, a vitória foi do agora vice-líder da temporada, Ryan Hunter-Reay (Andretti), com Helio em segundo e à frente do companheiro de equipe Will Power, que chegou em terceiro. E falando no australiano, Helio precisou se defender de uma ultrapassagem no final da prova, o que deve ter dado um pouco de cor aos cabelos branquinhos do patrão Roger Penske…
O resultado é uma conquista muito importante na briga pelo título. A diferença dele para Hunter-Reay é de 16 pontos, mas se levarmos em conta o histórico do brasileiro após nove etapas, foram quatro pódios e 299 pontos. Por incrível que pareça o pior resultado do piloto da Penske foi em casa, na São Paulo Indy 300, quando terminou a prova em 13º lugar. Mas, o que define a primeira metade da temporada é o equilíbrio: até aqui foram sete vencedores diferentes. Somente Ryan Hunter-Reay e James Hinchcliffe, ambos da equipe Andretti, têm duas vitórias no campeonato.
Agora, pilotos e equipes seguem para Iowa, na região centro-oeste dos Estados Unidos. O circuito oval é o menor da temporada, tem menos de uma milha (0,875 milha) e está localizado na cidade de Newton. A corrida será no próximo domingo, dia 23. E confesso que tem sido uma verdadeira maratona acompanhar a Fórmula Indy neste mês. Mal posso imaginar como deve estar a vida de pilotos e das equipes depois de quatro provas em três finais de semana seguidos… Haja fôlego e muito preparo físico!
** E por que Homem-Aranha? A marca registrada de Helio Castroneves surgiu, de maneira inusitada, no grande prêmio de Detroit, em 2000, na primeira vitória da carreira. Depois de cruzar a linha de chegada, ele estava tão emocionado que errou a entrada para os boxes.  Mas, ao ver a animação de um grupo de torcedores, parou o carro na reta e não teve dúvidas: escalou o alambrado e comemorou com o público. Helio quebrou o protocolo, atrasou a premiação, deve ter deixado a organização da corrida bem brava… só que aquela imagem saiu de Detroit para o mundo. Foi um jornalista norte-americano que, durante uma entrevista, deu a Helio Castroneves o apelido de Spider-Man. Para nós, o Homem-Aranha das pistas.
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Festa brasileira

texto publicado originalmente em 29 de maio 2013 no site #ElasComentam

Desde a estreia na Indy Car Series, em 2002, foram 11 anos até Tony Kanaan se tornar o quarto piloto brasileiro a vencer as 500 Milhas de Indianápolis. Mais do que uma vitória no lendário circuito norte-americano, é a realização de um sonho que passou várias vezes bem perto de acontecer. A carreira nos Estados Unidos começou em 1996, na Indy Lights. Em 2004, Kanaan se tornou campeão mundial da Indy Car. Mas, depois de 15 vitórias ainda faltava a mais importante no oval mais famoso do mundo.
Kanaan largou na 12ª posição e não estava entre os favoritos. Durante a corrida, andou entre os líderes e nas relargadas sempre foi muito preciso. E foi em uma delas, depois do acidente de Graham Rahal (Rahal), que aproveitou a bandeira verde, colocou o carro por dentro e ultrapassou Ryan Hunter-Reay (Andretti). Mais algumas voltas e outro acidente: Dario Franchitti (Ganassi) bateu faltando apenas três voltas para o final. Não havia mais tempo para uma nova relargada. Foi assim que Kanaan escreveu o seu nome na história na 97ª edição das 500 Milhas de Indianápolis.
Como ele mesmo disse, nessas horas passa um filme na cabeça. De quantas vezes ele chegou perto disso, do quanto precisou esperar por esse momento. Foi o momento de dar a volta por cima depois da última prova, a Indy300 em São Paulo. Afinal, quem não se lembra de um Kanaan decepcionado ao perder a liderança da prova por conta de uma pane seca? E outras tantas vezes que esteve tão perto da vitória e algo dava errado? Voltar a vencer era uma questão de tempo. E os deuses da velocidade reservaram para este baiano um momento especial, daqueles de se lembrar para a vida inteira. Não poderia ser qualquer vitória, tinha de ser “a vitória”: em Indianápolis com o carro #11. Agora Tony faz parte do chamado “Winner’s Circle” do Indianapolis Motor Speedway. Vencer as 500 Milhas é escrever para sempre o nome na história do automobilismo mundial.
Foi uma vitória mais do que merecida para este que é um piloto admirado por todos, inclusive nos Estados Unidos. Tony Kanaan é carismático, sempre simpático e atencioso com os fãs – e posso dizer isso porque tive a oportunidade de estar perto dele por duas vezes, tanto na Stock Car como na Indy 300. E não teve jeito: chorei muito depois do fim da bandeirada… Fico emocionada só de lembrar quando ele ergue o braço, vibra muito e os carros ficam ao redor como se quisessem cumprimentá-lo por aquela vitória… Inesquecível!
Aqui você confere um resumo da Indy 500 feito pelo canal ESPN (em inglês):


Mas falando em transmissão, só consegui ver o Tony chegando ao “Victory Lane”, ganhar o beijo da mulher Lauren, receber a coroa de louros e o banho com o tradicional leite oferecido pelos patrocinadores porque acompanho a corrida pela internet. Quem só estava assistindo pela tevê aberta perdeu o melhor da prova. Quando TK cruzou a linha de chegada, a Band cortou o sinal para o campeonato brasileiro. Minutos depois mostraram, no meio do jogo, trechos recuperados da chegada e uma entrevista que ele deu saindo do carro… Sabemos que isso se deve aos contratos comerciais, mas #ficaadica: popularizar um esporte com um brasileiro que vence fica mais difícil quando ele não aparece nos principais momentos, principalmente na vitória das 500 Milhas de Indianápolis.
A Indy 500 também teve um estreante na segunda posição: o colombiano Carlos Muñoz, que foi o rookie da prova, correndo pela Andretti. Ryan Hunter-Reay, também da Andretti, terminou a corrida em 3º. Helio Castroneves, da Penske, chegou em sexto e Bia Figueiredo (Dale Coyne) em 15º. No campeonato, a liderança agora é de Marco Andretti, com 168 pontos, seguido por Takuma Sato (AJ Foyt) com 157 pontos e Helio Castroneves com 152 pontos. Com a vitória, Tony Kanaan está em sétimo lugar com 124 pontos.
Enquanto sobrou emoção em Indianápolis, faltou um pouco dela em Mônaco. Nico Rosberg, da Mercedes, que largou na pole, segurou todo mundo e venceu de ponta a ponta. Foi a primeira vitória do alemão na temporada e a segunda na carreira. O piloto repetiu, 30 anos depois, a conquista do pai, Keke Rosberg, nas ruas do Principado. Sebastian Vettel e Mark Webber completaram o pódio. A Mercedes quebrou a série de vitórias da Red Bull nos últimos três anos em Mônaco.
Entre alguns momentos que despertaram as atenções na corrida estavam a batida de Felipe Massa (Ferrari) na St. Devote. O “enrosco” entre Pastor Maldonado (Williams) e Max Chilton na curva da Tabacaria que interrompeu a prova. A ultrapassagem de Sergio Perez (Mclaren) sobre o companheiro Jenson Button. O toque do mexicano em Kimi Räikkönen (Lotus) na chicane da saída do Túnel, que provocou várias reações: primeiro a “ira” do finlandês (com direito a um rádio no “estilo” Kimi de ser), depois a entrada nos boxes para trocar o pneu furado e o retorno em ritmo forte, com várias ultrapassagens nas voltas finais para conquistar o décimo lugar e mais um ponto.
A liderança do mundial continua nas mãos de Vettel, que tem 107 pontos, 21 a mais do que Räikkönen. Fernando Alonso, que terminou a prova em sétimo, é o terceiro colocado com 78 pontos. A próxima prova será disputada no dia 9 de junho, em Montreal, no Canadá. E é lá, no circuito Gilles Villeneuve, onde pode se esperar de tudo um pouco durante uma corrida. Façam suas apostas!!
Valeu, campeão. Valeu, TK. Obrigada por essa vitória. Quem acredita sempre alcança.
Vamos continuar torcendo por você sem querer nada em troca.
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Mônaco e Indianápolis: templos sagrados


texto publicado originalmente em 23 de maio 2013 no site #ElasComentam


Quem adora velocidade deve estar contando os dias para o próximo domingo. Desde quando saiu o calendário da Fórmula 1 e da Indy, a agenda ficou bloqueada para qualquer outro evento. E está devidamente identificada: 26 de maio de 2013 – dia sagrado do automobilismo mundial. Ou pelo menos, deveria ser! Não é todo ano que as duas corridas acontecem no mesmo dia. Mas quando isso ocorre é uma verdadeira maratona. Você mal termina de assistir a transmissão na Europa quando começa a dos Estados Unidos.

Na verdade, na Indy 500 os treinos começam na semana anterior ao da corrida com o Pole Day, que define o piloto que vai largar na primeira posição. Neste ano, quem sai na frente é Ed Carpenter. O norte-americano, nascido na cidade de Indianápolis, colocou o nome na história da 97ª edição das 500 milhas. Considerado a “zebra” do final de semana, o piloto do carro #20 conquistou a primeira pole da carreira e também a do seu próprio time, a Ed Carpenter Racing. Na pista, deixou para trás as favoritas Andretti e Penske ao marcar um tempo médio de 228 milhas por hora (aproximadamente 378 km/h). Carpenter ainda voltou para a casa com 100 mil dólares a mais no bolso, como prêmio pela primeira colocação. O melhor brasileiro no grid do Indianapolis Motor Speedway é Helio Castroneves. Três vezes vencedor das 500 milhas (2001, 2002 e 2009), o piloto da Penske vai largar na oitava posição. Tony Kannan (KV Racing) conseguiu o 12ª lugar no grid. Já Bia Figueiredo (Dale Coyne), depois de disputar no domingo o Bump Day, que define os pilotos que largam da 25ª até a 33ª posição, ficou com a 29ª colocação.

As 500 Milhas de Indianápolis são disputadas desde 1911. As provas só pararam durante a Segunda Guerra Mundial, por isso é que neste ano teremos a 97ª edição. Juntamente com o grande prêmio de Mônaco e as 24 Horas de Le Mans, são as três provas mais importantes do automobilismo mundial. Há quem diga que façam parte da chamada “Tríplice Coroa do Automobilismo”. As provas, que acontecem entre os meses de maio e junho, são as mais famosas, tradicionais e prestigiadas em todo o mundo. Eventos que desafiam máquinas, equipes e pilotos. Vale a pena conferir o vídeo promocional da Indy 500 deste ano, feito pela ESPN:

https://www.espnfrontrow.com/2013/05/espn-indy-500-promo-takes-viewers-from-1911-vintage-footage-to-present-day-racing-thrills/

Agora saímos do oval de 2,5 milhas (ou aproximadamente 4 quilômetros) nos Estados Unidos e seguimos para as ruas de Mônaco. A tradicional pista do circuito de Monte Carlo tem 3.340 metros, curvas famosas e estreitas (entre elas Sainte Devote, Mirabeau, Loews, La Rascasse), além de um túnel em que os carros atingem a maior velocidade na pista, que não ultrapassa 280 km/h. É o traçado mais lento e mais travado de toda a temporada. Quem faz a pole position no Principado tem grandes chances de conquistar o pódio. A maior referência que se tem de Mônaco é Ayrton Senna. Foi lá que, em 1984, o brasileiro apareceu para o mundo ao conquistar o primeiro pódio pela Toleman e até poderia ter vencido se a corrida não tivesse sido interrompida. Em dez provas disputadas em Monte Carlo, ele venceu seis. A primeira em 1987, pela Lotus, ainda contou com uma dobradinha no pódio com Nelson Piquet (Williams). Senna ainda venceu com a McLaren em 1989, 1990, 1991, 1992 (numa corrida inesquecível, depois de segurar o “leão” Nigel Mansell por cinco voltas) e em 1993, quando quebrou o recorde do inglês Graham Hill, que tinha cinco vitórias. Senna se tornaria o “Rei de Mônaco” ao chegar na frente pela sexta vez naquele charmoso circuito.
Entre tantos grandes prêmios disputados nas ruas de Monte Carlo, um inesquecível (e histórico) foi o de 1996. Com a chuva, os carros foram ficando pela pista e apenas quatro terminaram a prova: Olivier Panis (Ligier), David Coulthard (Mclaren), e os dois pilotos da Sauber: Johnny Herbert e Heinz-Harald Frentzen. A Sky Sports fez um vídeo no ano passado mostrando carros de diferentes temporadas pelas ruas de Mônaco:
O espaço aqui é muito pequeno para compartilhar tantas histórias desses templos sagrados do automobilismo. E ainda nem falamos das 24 Horas de Le Mans, que começou a ser disputada em 1923 e neste ano completa 90 anos (a prova também foi interrompida durante o período da Segunda Guerra Mundial). Os carros percorrem mais de 13 quilômetros no circuito francês que faz parte da temporada do FIA World Endurance Championship (WEC).
Sobre Le Mans você acompanha aqui no #elascomentam durante o final de semana da corrida, que será disputada nos dia 22 e 23 de junho.
E se fosse para escolher uma corrida para torcer pessoalmente, por qual delas você optaria? Mônaco, Indianápolis ou Le Mans?

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Em casa



texto publicado originalmente em 16 de maio 2013 no site #ElasComentam

 
Até o ano passado, o grande prêmio da Espanha registrava uma estatística bem curiosa: desde 2006 o vencedor não se repetia. Em sete temporadas, sete pilotos diferentes chegaram ao lugar mais alto do pódio no circuito da Catalunha, em Montmeló. Naquela ocasião o vencedor foi Fernando Alonso, que competia pela equipe Renault e que no final do ano se tornaria bicampeão mundial.

Coincidência ou não, eis que sete anos depois o mesmo Fernando, mas agora de Ferrari, fez mais feliz o domingo de muitos torcedores (principalmente os espanhóis, que lotaram as arquibancadas do autódromo) ao vencer a quinta etapa da temporada de Fórmula 1. Essa foi a terceira vitória de Alonso na Espanha e a 32ª conquista da carreira, fazendo do asturiano o quarto maior vencedor da história da principal categoria do automobilismo mundial.
Depois de vencer pela segunda vez nesta temporada e estar cada vez mais determinado em conquistar o terceiro mundial, Alonso reforça a imagem de ídolo nacional – juntamente com o tenista Rafael Nadal e a Seleção Masculina de Futebol – e destaca o bom momento que vive o esporte espanhol. E vencer na Espanha hoje é oferecer um pouco de alegria a um país que está passando por uma séria crise social e econômica.
E falando em alegria, o bom desempenho do F138 na Catalunha contribuiu para que Felipe Massa subisse ao pódio pela primeira vez no ano. O brasileiro largou em nono depois de uma punição, superou três carros logo na primeira volta, fez uma corrida de recuperação e cruzou a linha de chegada em terceiro lugar. Foi bom ver Felipe Massa entre os primeiros colocados!
O F138 até pode estar bem arrumado e consumir um pouco menos pneus do que as outras equipes, mas concordo com Alonso quando disse que a Ferrari ainda precisa melhorar muito o carro, principalmente na classificação. Afinal, em corridas onde a ultrapassagem é mais difícil, largar na frente pode fazer muita diferença.
Mesmo com toda a ascensão da Ferrari é bom continuar de olho em Kimi Räikkonen, para mim, “o finlandês mais mineiro dos países nórdicos”. Porque devagarinho ele está conquistando pontos importantes para se manter na disputa pelo título. Kimi até fez um pitstop a menos que a Ferrari, foi ultrapassado por Alonso, mas conseguiu colocar o E21 entre os dois carros de Maranello. Ele pontuou em todas as quatro etapas: conquistou uma vitória, três segundos lugares consecutivos, além de um sétimo lugar na Malásia. Agora é o vice-lider com 85 pontos, atrás de Sebastian Vettel (que mal apareceu na corrida e chegou em quarto lugar) que agora tem 89 pontos no campeonato. Alonso é o terceiro e tem 72 pontos.
Ainda acredito que os pneus vão ser os grandes “vilões” desta temporada. A estratégia de quatro paradas para a maioria das equipes não deixou ninguém feliz na Espanha. E falando em pneus, a Pirelli já admite mudar os compostos a partir da sétima etapa no GP do Canadá, em Montreal, para que o número de paradas fique de duas a três, mais normal durante a corrida. Enquanto isso, vamos para Mônaco, cenário da próxima etapa, que tem Ayrton Senna como recordista de vitórias nas ruas do Principado. Mas isso é assunto para a próxima semana aqui no #elascomentam!
#momentocuriosidade
A vitória de Alonso só foi confirmada pela FIA três horas depois da bandeirada. Tudo porque o espanhol quebrou o protocolo e quis comemorar repetindo um gesto eternizado por Ayrton Senna: depois de cruzar a linha de chegada, ele parou o carro para pegar uma bandeira e celebrar o primeiro lugar em casa. O artigo 43.3 do regulamento desportivo da Fórmula 1, diz que “depois de receberem o sinal do fim da corrida, os pilotos devem seguir ao parque fechado após a corrida, sem qualquer atraso desnecessário, sem receber qualquer objeto e sem qualquer assistência (exceto se necessário)”.
#momentoGP2
Não poderia deixar de destacar a participação de Felipe Nasr, piloto de GP2, no fim de semana em Montmeló. Ele subiu ao pódio duas vezes. Na primeira corrida, no sábado, o piloto da equipe Carlin terminou a prova em segundo e no domingo, em terceiro lugar. Com o resultado, o brasileiro é o vice-lider na GP2, com 76 pontos, atrás do italiano Stefano Coletti, com 93 pontos. Nasr conquistou pontos importantes nesse final de semana e segue forte no campeonato!
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A fórmula que dá certo

texto publicado originalmente em 09 de maio 2013 no site #ElasComentam

Este foi o segundo ano que estive no circuito do Anhembi, em São Paulo, para acompanhar a Fórmula Indy. Fiquei bem pertinho do “S do Samba” e o melhor que dessa vez o meu ingresso também dava acesso às garagens. Uma experiência inesquecível, sem dúvida, daquelas que a gente carrega para a vida toda. Por isso, no texto dessa semana vou compartilhar com os amigos e amigas que acompanham o #ElasComentam algumas das experiências que se têm quando participamos de um evento esportivo como a São Paulo Indy 300. 

Uma delas foi acompanhar o duelo nas voltas finais entre James Hinchcliffe (Andretti Autosport) e Takuma Sato (AJ Foyt). A decisão da prova aconteceu só na última curva, a Curva da Vitória. O canadense venceu a segunda corrida nesta temporada e o japonês assumiu a liderança do campeonato, com 136 pontos. Marco Andretti (Andretti Autosport) terminou a prova em terceiro e também ultrapassou Helio Castroneves (Penske) no campeonato. O brasileiro não fez uma boa corrida e chegou em 13º lugar.

Em outro momento, vibrei muito quando Tony Kanaan (KV Racing) ultrapassou Ryan Hunter-Reay (Andretti Autosport) e levantou a torcida no Anhembi. Mas também fiquei triste quando o telão mostrou o carro vermelho parando bem em cima da linha de chegada, depois de uma pane seca, tirando ali todas as chances de um piloto brasileiro vencer em São Paulo… Durante a entrevista coletiva, o próprio Kanaan disse que até esqueceu da dor que estava sentindo na mão direita, resultado do acidente na corrida de Long Beach. “Até faltar 20 voltas para o final, atrapalhou. Depois foi o coração que doeu.” Doeu o nosso coração também, Tony, pode ter certeza!

Neste vídeo há um resumo da quarta etapa do campeonato. Vale a pena ver (e rever)!

Lá no Anhembi também tive a impressão de que um segundo pode ser muito menos do que um piscar de olhos. No primeiro treino livre do sábado, Simon Pagenaud (Schimidt/Hamilton Motorsports) – que dizem ser o Helio Castroneves ‘Cover’ da Indy (será?) –, perdeu o controle na segunda perna do “S do Samba”. Ali, bem na minha frente o francês bateu forte na proteção de concreto. O barulho impressiona. Pedaços da carenagem voam pelo ar. Fotógrafos tentam desviar dos estilhaços. O carro se arrasta com a suspensão dianteira direita toda arrebentada. Há fumaça e fogo na roda traseira esquerda. O piloto fica inerte dentro do cockpit. Tudo isso é tão rápido e acontece ao mesmo tempo que a ficha só caiu quando pisquei os olhos e vi os mesmos fotógrafos clicando o acidente, os homens do resgate com extintores de incêndio nas mãos e o piloto saindo do carro, são e salvo. O coração acelera e as mãos tremem. Que susto!
Outra sensação bem bacana foi entrar naquele pavilhão imenso e dar de cara com boxes das equipes. Onde estavam os carros da Bia Figueiredo (Dale Coyne), Helio Castroneves e Tony Kanaan sempre havia fãs tentando uma foto ou um autógrafo. Um moço, que não deu tempo de perguntar o nome, foi muito gentil e passou para o Helio a minha camiseta pra ele autografar. (De qualquer forma, aproveito para agradecer muito aquele moço que fez o meu dia ainda mais feliz!) E assim como eu, quem conseguia estar ali saia radiante como se tivesse conquistado um troféu! Mas o que chamou mais a atenção foi no final da sessão do treino que definiu o grid de largada o Helinho foi muito atencioso e atendeu os muitos fãs que ficaram esperando por ele na grade. Legal demais!
E o coração bateu mais forte ali muitas outras vezes: quando ouvi o motor de um dos carros da equipe Panther funcionando… Quando vi de perto o Michael Andretti e consegui uma foto dele antes de ir para o pitlane. Na sequência, olhar para o Ryan Hunter-Reay saindo logo atrás dele e gritar “Ryan!”, ele olhar, abrir um sorriso lindo e posar para a minha câmera. Depois, ver de longe o Scott Dixon (Chip Ganassi Racing) sair correndo para o segundo treino livre. Ganhei até um sinal de “curtir” do colombiano Sebastian Saavedra (Dragon Racing) na saída do pavilhão! E ainda ver o pessoal da televisão japonesa IPCTV no pit do Takuma Sato. Tive a oportunidade de falar com uma dupla que admiro dentro e fora das pistas: Teo José e Felipe Giaffone. E no final ainda consegui uma foto com o Will Power, que dessa vez nem terminou a corrida… (Será que eu sou pé frio!?)
Para quem foi até o Anhembi ou acompanhou a São Paulo Indy 300 pela tevê já percebeu que este é um evento que entrou definitivamente no calendário esportivo da cidade. Os ingressos dos 13 setores espalhados pela pista têm preços para todos os bolsos! O sistema especial de transporte conta com cinco mini-terminais saindo de diferentes locais da cidade e é bem organizado. (Sim, eu fui de ônibus e experimentei o serviço!). E apesar dos preços serem sempre muito mais altos do que realmente valem (seja comida, bebida ou produtos oficiais do evento), a estrutura está melhor a cada ano. O circuito do Anhembi garante experiências inesquecíveis e muitas emoções. Dentro e fora da pista.

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O Rei de São Paulo

texto publicado originalmente em 02 de maio 2013 no site #ElasComentam

O circuito de rua do Anhembi, onde será disputada a quarta etapa do campeonato de Fórmula Indy, conheceu até agora um único vencedor: Will Power. Em São Paulo, o piloto da equipe Penske subiu três vezes no lugar mais alto do pódio. E para quem (como eu) já viu bem de perto esse australiano fazer as curvas do “S do Samba” sabe que ele acelera muito por aqui. O domingo da corrida vai ser de sol e pelo menos 40 mil pessoas no Anhembi. A SP Indy 300 promete muita emoção! Não dá pra perder!

Foi em São Paulo também que Power conquistou sua última vitória na Indy. Neste ano, a temporada não está sendo das melhores para o atual tri-vice-campeão do mundo. Ele está em 8ª no campeonato com 62 pontos e não chega à capital paulista como favorito porque dessa vez tem Brasil na liderança! Helio Castroneves tem 99 pontos, conquistados com dois segundos lugares na temporada e um décimo lugar na última corrida disputada em Long Beach, Califórnia.

Criado pelo projetista neozeolandês Tony Cotman, o traçado do Anhembi tem 4.080 metros e inclui a pista do sambódromo, a avenida Olavo Fontoura e a Marginal Tietê. E mais: o circuito conta com uma reta de 1,5 quilômetros, a maior de todo o campeonato e onde os carros podem atingir até 300 km/h. Nessa pista os pilotos precisam demonstrar habilidade e as equipes encontrar o melhor acerto para os carros. Além de exigir ajustes que priorizem a aderência nas curvas, a velocidade nas retas e o equilíbrio entre esses dois pontos.

A São Paulo Indy 300 foi disputada pela primeira vez em março de 2010. A prova abriu a temporada daquele ano e a estreia foi marcada por muita expectativa, chuva e problemas na organização. Naquele fim de semana, o treino classificatório aconteceu no domingo porque o produto usado sobre o cimento (e que dá aquele efeito bonito durante o carnaval) deixava a pista lisa e perigosa. Foi aí que pilotos e organização tomaram uma atitude: o piso da reta do Sambódromo foi lixado para que os carros conseguissem ter mais aderência. Esse foi o ano em que tivemos mais brasileiros numa prova: Bia Figueiredo, Helio Castroneves, Mario Romancini, Mario Morais, Raphael Mattos, Tony Kanaan e Vitor Meira, que subiu no pódio no terceiro lugar.

No ano seguinte, a organização até melhorou, mas o cenário foi praticamente o mesmo por causa da chuva. E que chuva! Por conta disso, a organização foi obrigada a transferir a corrida para a segunda-feira, mesmo com a pista ainda molhada. O brasileiro melhor colocado na prova foi, de novo, Vitor Meira, em 17º lugar.

Em 2012, Will Power confirmou o favoritismo: fez a pole e venceu pela terceira vez. Helio Castroneves, companheiro do australiano na Penske, foi o melhor brasileiro na corrida: chegou em quarto lugar. Rubens Barrichello, em ano de estreia na Indy pela equipe KV Racing, terminou a prova em 10ª. Já o companheiro de equipe, Tony Kanaan se envolveu em um engavetamento no “S do Samba” e chegou em 13º; Bia Figueiredo, completou a prova em 20º.

Falando em “S do Samba”, apesar de sempre garantir as maiores emoções durante a prova, a organização modificou a curva para a corrida deste ano. O trecho no fim da reta do Sambódromo foi alargado para diminuir o número de acidentes.
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