Na etapa de Milwaukee, em West Allis, no estado norte-americano de Wisconsin, Helio Castroneves foi o “Homem-Aranha” (**) do circuito oval. Não. O piloto da Penske não venceu, nem subiu no alambrado como fez no Texas no dia 8 de junho e nas outras 27 vitórias da carreira. A escalada, dessa vez, foi na pista durante a corrida. E o melhor de tudo: depois de nove etapas ele ainda segue na liderança.
Apesar de ter se tornado o “Mr. Texas” ao conquistar a quarta vitória em Fort Worth, e a primeira nesta temporada, o fim de semana começou sem muita expectativa para Castroneves. Durante o treino, problemas no ajuste da asa dianteira do carro #3 deixaram o piloto com o 18º lugar na classificação. Mas na largada saiu em 17º  porque Dario Franchitti (Ganassi) trocou o motor e perdeu dez posições no grid.
Começar a prova atrás não deve ter sido nada fácil, até porque correr em Milwaukee costuma ser um desafio. Apesar de só ter 1.015 milhas (ou 1,68 quilômetros), esse oval considerado um dos mais antigos do mundo (construído em 1903) conta com um traçado mais plano, já que as curvas quase não têm inclinações. O muro sempre parece estar próximo. As ultrapassagens, principalmente sobre os retardatários, são complicadas e nessa pista a pressão aerodinâmica é maior do que nas outras. O que se por um lado aumenta a aderência, por outro proporciona maior consumo de combustível e desgaste dos pneus.
E é aí que uma boa estratégia e o trabalho de equipe, somados à sorte de campeão, fazem a diferença!
Acredito que um acerto do carro mais adequado para a prova e a antecipação do primeiro pitstop, que veio em uma bandeira amarela provocada pelo acidente com Simona de Silvestro (KV Racing), foram fatores que, juntamente com a experiência de Helio, deram início à “escalada” do piloto durante a prova. Isso sem falar quando Marco Andretti (Andretti), o então vice-líder, teve problemas no reabastecimento, parou na pista e acabou retornando muitas voltas atrás, sem chances de alcançar Castroneves.
Em Milwaukee Mile, a vitória foi do agora vice-líder da temporada, Ryan Hunter-Reay (Andretti), com Helio em segundo e à frente do companheiro de equipe Will Power, que chegou em terceiro. E falando no australiano, Helio precisou se defender de uma ultrapassagem no final da prova, o que deve ter dado um pouco de cor aos cabelos branquinhos do patrão Roger Penske…
O resultado é uma conquista muito importante na briga pelo título. A diferença dele para Hunter-Reay é de 16 pontos, mas se levarmos em conta o histórico do brasileiro após nove etapas, foram quatro pódios e 299 pontos. Por incrível que pareça o pior resultado do piloto da Penske foi em casa, na São Paulo Indy 300, quando terminou a prova em 13º lugar. Mas, o que define a primeira metade da temporada é o equilíbrio: até aqui foram sete vencedores diferentes. Somente Ryan Hunter-Reay e James Hinchcliffe, ambos da equipe Andretti, têm duas vitórias no campeonato.
Agora, pilotos e equipes seguem para Iowa, na região centro-oeste dos Estados Unidos. O circuito oval é o menor da temporada, tem menos de uma milha (0,875 milha) e está localizado na cidade de Newton. A corrida será no próximo domingo, dia 23. E confesso que tem sido uma verdadeira maratona acompanhar a Fórmula Indy neste mês. Mal posso imaginar como deve estar a vida de pilotos e das equipes depois de quatro provas em três finais de semana seguidos… Haja fôlego e muito preparo físico!
** E por que Homem-Aranha? A marca registrada de Helio Castroneves surgiu, de maneira inusitada, no grande prêmio de Detroit, em 2000, na primeira vitória da carreira. Depois de cruzar a linha de chegada, ele estava tão emocionado que errou a entrada para os boxes.  Mas, ao ver a animação de um grupo de torcedores, parou o carro na reta e não teve dúvidas: escalou o alambrado e comemorou com o público. Helio quebrou o protocolo, atrasou a premiação, deve ter deixado a organização da corrida bem brava… só que aquela imagem saiu de Detroit para o mundo. Foi um jornalista norte-americano que, durante uma entrevista, deu a Helio Castroneves o apelido de Spider-Man. Para nós, o Homem-Aranha das pistas.
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