texto originalmente publicado em 08 de agosto 2013 no site #ElasComentam

A temporada 2013 da Fórmula Truck é uma das mais equilibradas dos últimos tempos: depois de seis etapas, os seis primeiros colocados no campeonato estão separados por apenas seis pontos.

Coincidência ou não, o número seis também está presente em outra marca, a de vencedores: Wellington Cirino/ABF Mercedes-Benz (Tarumã), Paulo Salustiano/ABF Racing Team (Londrina), Régis Boessio/Boessio Competições (Caruaru), Geraldo Piquet/ABF Mercedes-Benz (Goiânia), Beto Monteiro/Scuderia Iveco (Interlagos) e no final de semana, Felipe Giaffone/RM Competições (Cascavel). A vitória do tricampeão brasileiro (2007, 2009 e 2011) e campeão sul-americano (2011), somada ao abandono dos pilotos que ocupavam as três primeiras posições no campeonato (Piquet, Totti e Cirino), deixou ainda mais acirrada a disputa pelo título deste ano.

Apesar de Giaffone ter subido pela 17ª vez no lugar mais alto do pódio no Grande Prêmio Aurélio Batista Félix (idealizador da Fórmula Truck), dessa vez a vitória teve um gostinho especial: foi a primeira dele com o MAM TGX, da RM Competições. O caminhão estreou nas pistas no início da temporada e ganha cada vez mais espaço na categoria. No sábado, ele fez a pole position e bateu o recorde da pista. No domingo, aproveitou a vantagem de largar na frente e dominou a corrida praticamente de ponta a ponta.

Aos 38 anos, o piloto paulista mais parecia um menino ao celebrar a primeira colocação. Giaffone saiu do caminhão, subiu no teto da cabine, apoiou os antebraços e ficou de ponta cabeça. Deu tempo, ainda, de ver um sorriso largo que mostrava a alegria daquele momento especial. Mas bateu a curiosidade: afinal, o que significava aquela postura?

Primeiro pensei se aquela posição faria parte dos treinamentos que Felipe realiza no jiu-jístu… Ele é faixa preta e pratica a arte marcial há 20 anos, quando morava nos Estados Unidos. Mas foi a partir de 2007 que passou a se dedicar mais ao esporte que o ajuda na preparação de corpo e mente para se manter bem durante as provas. A disciplina traz o equilíbrio e contribui para bons resultados.

Mas também me lembrei das aulas da ioga. Foi aí que procurei ajuda e consultei uma especialista no assunto, minha amiga Thays Biasetti. Ela viu a foto e disse que ele estava em Pincha Mayurasana – ou postura da cauda do pavão. Entre os benefícios da posição, está o fortalecimento dos músculos das costas e dos ombros, além do alongamento dos músculos abdominais. A postura também aumenta o ânimo, melhora o senso de equilíbrio e acalma o cérebro. Mas ela deixa um alerta: as pessoas com tensão e dores nos ombros e pescoço devem tomar cuidado ao praticar essa postura. (Eu acrescento: não tente fazer essa posição quando estiver sozinho em casa e muito menos faça sem a supervisão de um professor de ioga. #Informei)

Para quem não se lembra, além de fazer parte da mais numerosa família de pilotos do automobilismo brasileiro, Giaffone começou a correr de kart aos 13 anos, disputou outras categorias e chegou, em 2001, na Indy Racing League (IRL) onde conquistou uma vitória no ano seguinte e ficou até 2006, somando 61 grandes prêmios.

E falando em Indy, o fim de semana em Mid-Ohio continuou sendo dominado pela equipe de Chip Ganassi. Dessa vez, Charlie Kimball aproveitou de uma boa estratégia e da oportunidade conquistada na pista para alcançar a primeira vitória na carreira e a quarta seguida da Ganassi na temporada.

Além dessa vitória, o americano também vence outra batalha: é o primeiro diabético a correr na Indy. Kimball tem Diabetes Tipo 1 e precisa tomar insulina diariamente. Quando descobriu a doença em 2007 chegou a pensar que nunca mais poderia correr. Mas o problema foi resolvido quando passou a disputar as provas com um dispositivo colado ao corpo que manda informações para o monitor de glicemia, no volante do carro. Ao contrário dos pilotos que bebem isotônico durante a corrida, Kimball carrega suco de laranja e toma quando a glicose está baixa. Se ele não tiver uma boa disciplina, o equilíbrio não funciona…

O piloto da “insulina aditivada” (o apelido foi dado carinhosamente por mim, desculpe Kimball se você não gostar) também mostrou que é bom de braço: durante boa parte da corrida travou um duelo com Simon Pagenaud (Schmidt Hamilton). O francês liderava a prova, mas foi ultrapassado pelo retardatário Ernesto Viso (Andretti Autosport). Foi aí que o piloto do carro #83 aproveitou a brecha e tomou a primeira posição de Pagenaud.

Na onda das estatísticas, não podemos esquecer que Kimball foi segundo na última corrida e venceu em Mid-Ohio. Então, se Ganassi continuar nesse ritmo, Dario Franchitti que conquistou o terceiro lugar no fim de semana, será o segundo na próxima prova em Sonoma (Califórnia, dia 25 de agosto) e venceria na etapa de Baltmore (Maryland, dia 01 de setembro.. oh não, é o mesmo dia das 6 Horas de São Paulo. Meu coração não aguentaria tantas emoções no mesmo dia!). Previsões à parte, o escocês está em sexto no campeonato com 342 pontos.

Já Helio Castroneves comemorou como uma vitória o sexto lugar em Mid Ohio e segue na liderança da Indy. O brasileiro largou na 14ª posição e além de contar com uma estratégia acertada da Penske, precisou ser mais agressivo durante a prova. Principalmente nas voltas finais, quando conseguiu segurar o vice-líder do campeonato, o neozelandês Scott Dixon (Ganassi), que terminou a prova em sétimo. Faltando cinco provas para o fim do campeonato, Castroneves tem 453 pontos e Dixon, 422 pontos. Tony Kanaan, infelizmente, não teve um bom fim de semana: problemas em um dos pneus depois do último pit stop fez o piloto da KV Racing abandonar a corrida.

Fotos:
Divulgação Fórmula Truck/Orlei Silva (Felipe Giaffone)
Michael L. Levitt/Lat Photo USA (Charlie Kimball)

Twitter: @prikinder