O clima das 24 Horas de Le Mans, na França, era de festa para celebrar os 90 anos de uma das mais famosas corridas do automobilismo mundial, assim como o grande prêmio de Mônaco e as 500 Milhas de Indianápolis.
De acordo com o Automóvel Clube do Oeste, que organiza a prova, 245 mil pessoas estiveram no último fim de semana no circuito de La Sarthe, com 13,629 quilômetros de extensão, para acompanhar essa lendária corrida que também faz parte do campeonato mundial de Endurance (WEC). Uma prova longa, de clima instável, de resistência e superação.
No grid da 81ª edição da corrida, 56 carros inscritos e entre eles os protótipos das categorias LMP1, LMP2, mais os carros esporte da classe LMGTE-Pro e LMGTE-Am. E a presença de 13 fabricantes: Audi, Aston Martin, Corvette, Ferrari, Honda, Lola, Lotus, Morgan, Oreca, Porsche, SRT Viper, Toyota e Zytek.
Além de marcar a nona vitória do dinamarquês Tom Kristensen, um recorde em Le Mans, com o carro da equipe Audi R18 E-Tron Quattro #2 (pilotado pelo escocês Allan McNish e o francês Löic Duval), a prova contou com um momento triste: a morte do também dinamarquês Allan Simonsen, de 34 anos.
O piloto da Aston Martin, na categoria GTE-Am, perdeu o controle do carro na quarta volta e bateu forte na curva Tertre Rouge. O guard-rail precisou ser substituído e a corrida ficou em bandeira amarela por quase uma hora. Depois de três horas, a organização da prova informou que Simonsen não tinha resistido aos graves ferimentos. O dinamarquês foi o 22º piloto a morrer na história da corrida, o primeiro desde o francês Sébastien Enjoiras, em 1997, nos treinos livres, e o primeiro em corrida desde o austríaco Jo Gartner, em 1986.
Sem dúvida, um fim de semana triste para o automobilismo mundial e mais ainda para a Aston Martin, que contava com carros em duas categorias para comemorar o centenário. A equipe até cogitou deixar a prova assim que a morte de Simonsen foi confirmada, mas a pedido da família do dinamarquês a montadora se manteve na disputa. Não deve ter sido nada fácil para o pessoal da Aston Martin continuar correndo depois do acidente, mas isso mostra que o dever (ou seriam contratos?) ainda fala mais alto do que perdas humanas.
Entre os pilotos da montadora britânica em Le Mans estava o brasileiro Bruno Senna que tinha grandes chances de vitória com o Vantage V8. O carro #99 saiu na pole e seguia na liderança da GTE-Pro quando, na 19ª hora da corrida, o francês Frédéric Makowiek bateu. Com isso, a equipe que também contava com o britânico Bob Bell, abandonou a prova.
Outro piloto que colocou o nome na história da principal corrida de endurance foi Lucas di Grassi. Junto com o espanhol Marc Gené e o britânico Oliver Jarvis, o brasileiro – que estreava em Sarthe –, subiu ao pódio depois de terminar a prova em terceiro lugar com o carro #3 da Audi. E falando em Audi, os alemães conquistaram em Le Mans nada menos do que a 12ª vitória nas últimas 15 edições da corrida.
Confesso que não tem como não se apaixonar por esses carros… Ano passado, estive nas 6 Horas de São Paulo, em Interlagos, e acompanhei de dentro dos boxes da Audi o último pit-stop de Lucas di Grassi. As fotos não eram permitidas e por isso a imagem daquele carro híbrido está registrada apenas na memória. A lembrança ainda guarda o corre-corre dos mecânicos, o cheiro de borracha dos pneus e um som assustador dos motores: o da frente é elétrico e o traseiro, turbodiesel.
As corridas do mundial de Endurance não carregam a mesma tradição da Fórmula 1 e aqui no Brasil as pessoas não têm muita afinidade com esse tipo de prova. Mas quem quiser conhecer de perto essas máquinas vai ter a oportunidade de acompanhar a quarta etapa do campeonato mundial no dia 1º de setembro, em Interlagos. Não dá para perder.
“Às vezes nos esquecemos que o esporte a motor é perigoso. Nós sorrimos e levamos tudo positivamente, para fazermos bem nosso trabalho, mas o risco está sempre ali. Em uma prova como essa, tudo é levado ao limite, e talvez por isso que esta corrida seja tão encantadora e desafiadora.” (Emanuele Pirro, tricampeão das 24 Horas de Le Mans e ex-piloto de Fórmula 1, ao lamentar a morte de Allan Simonsen)
*crédito da foto: Jean Michel Le Meur – DPPIMedia
#rapidinhas
- Registro aqui também uma nota triste do fim de semana no Brasil: a morte de Cristiano Ferreira, de 29 anos, que competia na classe GP Light, categoria da Moto 1000 GP, em Interlagos, na tarde do domingo. O piloto gaúcho perdeu o controle da moto e caiu na segunda parte da curva do “S” do Senna. Segundo a direção da prova, ele foi atropelado por outro piloto. Cristiano foi atendido na pista e devido a gravidade do caso, levado ao hospital, onde faleceu.
- Fórmula Indy/GP de Iowa: No oval de menos de uma milha, o canadense James Hinchcliffe (Andretti) venceu pela terceira vez na temporada. O companheiro de equipe Ryan Hunter-Reay chegou em segundo e Tony Kanaan (KV Racing) em terceiro lugar. Helio Castroneves (Penske) terminou a prova em oitavo, mas o resultado ainda garantiu a liderança do campeonato. Agora, com 332 pontos, o piloto brasileiro está apenas nove pontos na frente do norte-americano Hunter-Reay. Bia Figueiredo, que disputou a prova pela Dale Coyne, não terminou a prova. A próxima etapa será disputada em Pocono, Pensilvânia, no dia 7 de julho.
Twitter: @prikinder