domingo, 18 de outubro de 2009

Jenson Button é campeão da temporada 2009

Interlagos, 2009. Pelo terceiro ano consecutivo, o grande prêmio do Brasil é palco da decisão do título mundial.

O inglês Jenson Button, piloto da Brawn GP, acaba de se sagrar o campeão desta temporada.
Canta
We are the champions no cockpit... dá até pra se emocionar um pouquinho.

Mas a cena mais admirável mesmo foi ver Rubens Barrichello ser o primeiro a abraçar Button. Isto é o que eu chamaria de Fair play, fazendo uma relação com o futebol, podemos dizer que está ligada à ética no mundo esportivo.

Vários episódios na corrida de hoje colaboraram para que o título ficasse com o piloto inglês da Brawn, entre eles a batida entre Sutil e Trulli na primeira volta - e a entrada do safety car na pista - o tráfego que Rubens Barrichello enfrentou depois da primeira parada nos boxes, outros carros que ficaram pelo caminho e a parada do brasileiro nos boxes faltando sete voltas para o final para trocar um pneu furado.

Button ficou em quinto lugar, chegou na frente de Barrichello - que ficou em oitavo. Quem venceu foi o australiano Mark Webber, sua segunda vitória na temporada (a primeira foi no GP da Alemanha).
E foi Felipe Massa quem deu a bandeirada na reta de chegada.


Confesso que senti falta da bandeira brasileira no pódio.. Mas, os deuses do automobilismo devem saber muito bem o que fazem nessas horas e isso é indiscutível. Foi mesmo um grande prêmio.

Parabéns ao Jenson Button, que mereceu o título pela corrida que fez hoje e pelo início da temporada; para a Brawn GP que, iniciante, mostrou para que veio e levou o mundial de construtores deste ano.

E um desejo especial endereçado aos deuses do automobilismo: para que Rubens Barrichello, um campeão dentro e fora das pistas, conquiste o vice-campeonato mundial na corrida de Abu-Dhabi.

A volta por cima de Rubens Barrichello

Faltam poucos minutos para começar o GP Brasil de Fórmula 1. Faz sol em Interlagos, diferentemente do que aconteceu ontem nos treinos de classificação, por sinal momentos muito emocionantes para nós brasileiros.

Rubens Barrichello, 37 anos, piloto da Brawn GP, disputa a 17ª temporada de Fórmula 1. Sua carreira foi marcada por vários acontecimentos. Em 1994, depois do acidente de Ayrton Senna em Ímola, o Brasil achou que ele poderia ser o substituto do maior piloto de todos os tempos. E isto não aconteceu, pelo fato de que são dois pilotos com estilos diferentes mas com algo em comum: ser brasileiro. Ah, podemos dizer que eles também são comuns no time de futebol: o Corinthians.

Depois, foi a vez de Barrichello ir para a Ferrari, ser a sombra de Michael Schumacher, outro gênio dos últimos tempos. Rubens não seria campeão do mundo na equipe de Maranello afinal os holofotes eram todos para o piloto alemão.

Muitos anos de Ferrari certamente ensinaram Barrichello a tirar proveito de acertos de carro, de sempre fazer o melhor quando estivesse na frente e de que a experiência a gente conta pelos anos vividos, assim como por erros e acertos acumulados durante a vida.

E foi no final do campeonato de 2008 quando a Honda anunciou que estava fora da F-1 que Rubens Barrichello praticamente viu as portas fechadas. Chegou até a cogitar a possibilidade de correr na Indy. Parecia ser a aposentadoria de um piloto que ainda tinha muito para mostrar.

Eis que Ross Brawn comprou o que era a equipe japonesa, chamou dois pilotos experientes como são Rubens Barrichello e o inglês Jenson Button para disputar esta temporada. Não se arrependeu. A equipe começou bem, vitória logo na primeira corrida e nas seguintes com Jenson Button. O campeonato de construtores está nas mãos da Brawn GP. Barrichello ganhou duas provas e desde então segue vivo na disputa do título mundial.

Temos um Rubens Barrichello, pole position em Interlagos, diferente dos últimos tempos. Está mais sereno, pés no chão, acreditando mais em si mesmo e em todo trabalho que fez neste e em todos os outros anos desde que resolveu escrever sua história no automobililsmo.

Admiro Barrichello porque ele é exatamente aquilo que você vê quando ganha ou quando perde. Ele chora, ele vibra, ele fica bravo (hoje em dia segura mais as palavras, acho que é melhor) e você vê isto na cara dele. Ele é família, é um cara que sempre acreditei que poderia fazer a diferença quando ficasse mais maduro em relação ao seu profissionalismo.

E ontem, ver a segunda pole de Rubinho em Interlagos - a primeira foi em 2004 - foi um momento muito especial. O ano começou com o Brasil querendo que Felipe Massa disputasse o título, afinal ele perdeu o título para Lewis Hamilton em 2008 também em Interlagos. Mas, como sempre os deuses do automobilismo gostam de escrever histórias diferentes a cada temporada, quis o universo que a Brawn GP existisse, que Rubens Barrichello tivesse um carro competitivo e que Felipe Massa não brilhasse em sua Ferrari. Claro que o acidente no GP da Hungria - que tirou Massa do restante da temporada - e a demissão de Nelsinho Piquet da Renault deixou nosso Barrichello em evidência.

A disputa pelo campeonato é na pista. Vai vencer quem for o melhor e quem também contar com a sorte. Claro que meu desejo é ver Rubens Barrichello campeão do mundo, mas temos que ser realistas e ter os pés no chão. É claro que a vitória aqui no Brasil é bem vinda, mas ainda tem a corrida em Abu-Dhabi daqui a duas semanas, onde termina a temporada de 2009.

Seja o que for definido para esta corrida, Rubinho já fez muito até aqui. Merece ser lembrado como um grande piloto, que fez a diferença e que escreveu sua página na história do automobilismo mundial.