texto originalmente publicado em 30 de outubro 2013 no site #ElasComentam
Tudo era uma questão de tempo. A cada corrida Sebastian Vettel ficava mais perto do tetracampeonato da Fórmula 1. A conquista do quarto mundial consecutivo aconteceu em Noida, no circuito internacional de Buddh, na Índia, que até hoje só teve o alemão como vencedor. Vettel precisava apenas do quinto lugar para chegar ao título, mas pela sexta vez seguida (e a décima na temporada) foi dele o primeiro lugar na corrida.
Com 36 vitórias e 43 pole-positions, o alemão de Heppenheim se torna, aos 26 anos, o mais jovem tetracampeão da história do automobilismo mundial. Os quatro campeonatos em sequência foram conquistados somente por Juan Manuel Fangio (entre 1954 e 1959) e Michael Schumacher (entre 2000 e 2004). De qualquer forma, o piloto da Red Bull iguala-se ao número de conquistas do francês Alain Prost (quatro), mas ainda está atrás do argentino Fangio (cinco) e do também alemão Schumacher (sete).
Depois de receber a bandeirada final, ele deu uma volta até retornar aos boxes. Mas na reta de chegada, Sebastian fez o que a gente chama de “cavalo de pau” na pista (ou zerinho, para quem preferir) em uma comemoração de quebrar qualquer protocolo. Vettel parecia não acreditar no que estava acontecendo. Ajoelhou-se diante do RB9, também conhecido como Heidi Hungry (Heidy Faminta), e fez uma reverência ao carro, numa atitude de reconhecimento e agradecimento à equipe que lhe permitiu ter a melhor máquina e mostrar o quanto é bom nas pistas. Cercado por fotógrafos e fiscais, ainda subiu no alambrado e arremessou as luvas para a torcida. Um momento para ficar na memória de quem admira esse esporte.
No espaço reservado aos pilotos antes de chegar ao pódio, a televisão mostrava imagens de um piloto emocionado e muito feliz. A ficha de tudo o que estava acontecendo devia estar caindo naquele momento da conversa com outro campeão, o das máquinas, Adrian Newey, que também conquistou o título de construtores pela Red Bull no domingo, o décimo da carreira do projetista. E no pódio, o segundo colocado Nico Rosberg (Mercedes) e o terceiro, Romain Grosejan (Lotus), renderam-se ao talento do mais novo tetracampeão e ergueram Vettel nos ombros.
Tenho a impressão de que Vettel é aquele cara que está sempre com um sorriso no rosto e vai sempre manter aquele jeito de moleque. Mas acima de tudo passou para o time dos grandes campeões, é dedicado e apaixonado pelo que faz. E faz bem feito. Claro que em uma competição se a equipe não mostrar parceria, por mais que um piloto tenha talento ele não consegue se destacar. A impressão que tive dos quatro campeonatos rubro-taurinos é a de que a parceria entre piloto e equipe precisa ser precisa para que o resultado final seja mais do que a vitória: seja a regularidade nas etapas e consequentemente, a conquista dos títulos.
A Fórmula 1 acrescenta mais um capítulo de uma era, que começou em 2010 e pode ser chamada de Sebastian Vettel. Ela até parece ser mais emocionante do que aquela protagonizada por Michael Schumacher. Apesar de estar longe dos sete títulos do ídolo alemão, o agora tetracampeão não chegou aos 30 anos. Para  quem não se lembra, o quarto título de Schumi foi conquistado em 2001 quando ele tinha 32 anos. Vettel está no auge da carreira e ainda tem condições de conquistar mais campeonatos e também superar recordes do ex-piloto.
Mas, fica a pergunta: se na próxima temporada a Fórmula 1 vai contar com várias mudanças no regulamento, entre elas o uso do motor turbo V6, será que vamos ter a oportunidade de ver Vettel andar forte e se manter mais uma vez à frente dos outros pilotos? Tudo vai depender do que a Red Bull e as outras equipes, principalmente aquelas que têm mais recursos financeiros para desenvolver os carros, vão fazer durante os testes da pré-temporada. Tenho a impressão de que em 2014 iremos acompanhar, pelo menos na primeira metade da temporada, uma categoria tentando se acertar dentro de uma competição que deve ser mais de resistência dos carros do que de velocidade.
Já que o campeão está definido com três etapas de antecedência, a briga agora está em quem será o vice dessa temporada. Fernando Alonso (Ferrari) tem 207 pontos, Kimi Raïkkönen (Lotus) está em terceiro com 183 pontos e em quarto aparece Lewis Hamilton (Mercedes) com 169 pontos.  A próxima etapa será o grande prêmio de Abu Dhabi, disputado no circuito de Yas Marina, no próximo final de semana. Embora o finlandês tenha vencido a prova no ano passado, a primeira desde o retorno à F1, disse que não está preocupado em ultrapassar o espanhol e conquistar o segundo lugar na temporada. “Ser segundo lugar não faz diferença nenhuma. Você não ganha nada. Tentaremos fazer o melhor a cada corrida e no final vamos ver onde terminamos”, declarou Raïkkönen.
#Rapidinhas
F1 (1) – Por não ter seguido para os boxes e decidir comemorar o título rodopiando na pista, Sebastian Vettel tomou uma advertência da FIA. De acordo com a direção de prova, “o piloto falhou em seguir diretamente ao parque fechado após a corrida, conforme detalhado nos termos do artigo 43.3 do Regulamento Esportivo da Fórmula 1. Devido às circunstâncias especiais, os fiscais aceitaram as explicações do piloto. A equipe não conseguiu instruir o piloto o suficiente para retornar diretamente ao parque fechado após a corrida.”(Desculpem, mas estou sem palavras para dizer o quanto essa Fórmula 1 anda ‘coxinha’ ultimamente…)
F1 (2) – Depois de largar na 17ª posição por conta de um erro de estratégia da equipe no treino de classificação, Romain Grosjean (Lotus) fez uma prova de recuperação e conquistou o terceiro lugar pela terceira vez seguida. A estratégia da equipe de programar apenas uma parada nos boxes foi ousada, mas no final deu certo para o francês. Para conquistar o pódio, Grosjean ainda teve que disputar posições com o companheiro de equipe Kimi Raïkkonen, que tinha pneus mais desgastados.
F1 (3) – Por muito pouco, Felipe Massa (Ferrari) não subiu no pódio. O brasileiro, que largou na quinta posição, chegou até liderar a corrida, mas depois do pitsop perdeu posições e terminou a prova em quarto lugar, repetindo os resultados do ano conquistados na Austrália e na Itália. Lembrando que o melhor resultado de Massa no ano é o terceiro lugar no GP da Espanha.
Fotos: Mark Baker/AP Photo
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