texto originalmente publicado em 23 outubro 2013 no site ElasComentam
Era madrugada de domingo no Brasil quando Scott Dixon cruzou a linha de chegada do Auto Club Speedway, em Fontana, Califórnia, em quinto lugar e conquistou o terceiro título mundial na categoria norte-americana. Na última prova da temporada, o piloto da Ganassi superou o brasileiro Helio Castroneves, da Penske, que terminou em sexto,  ficou com o vice-campeonato e adiou o sonho de alcançar o primeiro título. 
Embora tudo indicasse para dar a lógica, já que o neozelandês chegava em Fontana líder e demonstrou ter um carro bem acertado para o final de semana, Dixon perdeu posições por conta da troca de motor e largou na 17ª posição. Além disso, conseguiu sobreviver a uma corrida de resistência no oval de duas milhas, não só pelo tempo de prova, mas também porque dos 25 carros que começaram a corrida, apenas nove receberam a bandeirada final. Aos poucos ele aproveitava as bandeiras amarelas e as relargadas para fazer uma corrida de recuperação. Chegou até mesmo a liderar por cinco voltas! Mas é claro que a estratégia e a experiência da equipe foram fundamentais para lidar até mesmo com o superaquecimento do carro #9 nos momentos finais da corrida.
Até a primeira metade do campeonato muita gente disse que a Ganassi era a decepção da temporada. Até falei sobre isso no texto “Liderança ameaçada”, ao comentar a reação do time de Chip Ganassi e do motor Honda, principalmente depois dos pilotos da equipe (Scott Dixon, Charlie Kimball e Dario Franchitti) subirem ao pódio na etapa de Pocono e na sequência, Dixon vencer as provas da rodada dupla de Toronto, no Canadá.
Helio Castroneves fez um campeonato constante, mas pouco agressivo. Terminou as 19 provas da temporada (assim como o estreante Tristan Vautier, da Schmidt Peterson Motorsports), mas conquistou apenas uma vitória. Esteve 16 vezes entre os dez primeiros na classificação, sendo que só perdeu a liderança em Houston, na penúltima etapa. Enquanto isso, Dixon terminou 17 provas, conquistou quatro vitórias e esteve 12 vezes no Top 10. E em meio a tantos números, descobri que o de voltas lideradas por eles foi o mesmo: 239.
Vale registrar que Will Power, companheiro de equipe de Castroneves, venceu três vezes nesta temporada – Sonoma, Houston e Fontana – e também conquistou outra boa marca: 351 voltas em primeiro lugar. O australiano terminou o campeonato na quarta colocação com 498 pontos.
Não deve ter sido nada fácil para Castroneves ficar mais uma vez com o vice-campeonato e ainda perder o título para o mesmo rival de cinco anos atrás. É fato que ocorreram alguns erros na prova de Fontana, como o de Roger Penske (sim, o dono da equipe e estrategista) ao chamar o brasileiro para os boxes quando o pitainda estava fechado, ou ainda o problema na asa dianteira depois do toque em Charlie Kimball. Castroneves foi para o boxes e retornou uma volta atrás do líder. Tentou seguir na briga para conquistar o título, já que vinha forte e determinado a virar o jogo. Mas o problema maior mesmo tinha sido na etapa de Houston quando o carro #3 teve problemas o que permitiu a virada de Dixon. Por isso, aproveito para deixar aqui uma frase do próprio Helio que diz: “apesar de ser você quem está pilotando o carro, o automobilismo é um esforço de equipe, você não está sozinho, embora de vez em quando se sinta assim.”. E por mai sum ano a Penske não consegue sair do jejum de títulos, já que o último foi conquistado em 2006 na IRL pelo norte-americano Sam Hornish Jr.
Enquanto isso, o time do ex-piloto norte-americano Chip Ganassi mantém a hegemonia e coleciona troféus. De 2008 até agora, a equipe já conquistou cinco campeonatos, sendo dois com Dixon (2008 e 2013) e três com Franchitti (2009, 2010 e 2011). Isso sem contar outros campeões que passaram pela equipe como Jimmy Vasser (1996), Alessandro Zanardi (1997 e 1998), e Juan Pablo Montoya (1999).
No fim da temporada o que fica para quem acompanhou a IndyCar são os momentos de uma categoria que aos poucos tenta se reinventar com rodadas duplas e largadas paradas, tudo para atrair mais público. Apesar de a etapa brasileira ter atraído bastante gente e conseguido um bom nível de organização, não está no calendário para 2014. A seguir, cenas dos próximos capítulos…
Destaco, ainda, o trabalho de Tony Kanaan na KV Racing. O piloto que venceu as 500 Milhas de Indianápolis, e chegou em terceiro em Fontana, terminou o ano na 11ª posição no campeonato, mas conquistou um título: o “Fan Favorite Award” de piloto mais popular da categoria em 2013. E ano que vem, TK tem um novo desafio: ser piloto da equipe Ganassi e companheiro dos campeões Franchitti e Dixon. (Ele poderia ter ganhado o título de o melhor piloto das relargadas, mas esse a gente sugere em outra oportunidade).
E falando em prêmio, Tristan Vautier conquistou o de “Rookie of The Year” Além de ser o único novato do campeonato, ele disputou todas as etapas e levou um cheque de 50 mil dólares. Já Scott Dixon voltou para a casa com um milhão de dólares a mais no bolso e a réplica do Astor Cup, o troféu oferecido aos campeões da categoria.
#Rapidinhas
DTM: Timo Glock venceu a última etapa do DTM em Hockenheim, na Alemanha. O ex-piloto de F1 administrou o carro na pista molhada e subiu ao lugar mais alto do pódio pela primeira vez na temporada. Ao chegar na primeira colocação, o alemão ajudou a BMW a conquistar o título de construtores, superando a Audi. Augusto Farfus sofreu um toque de Timo Glock, fez uma corrida de recuperação e chegou em 11º lugar. De qualquer forma, este ano não poderia ter sido melhor para o brasileiro que venceu três corridas e terminou o campeonato em segundo lugar. O DTM retorna em maio do ano que vem e a corrida que abre a temporada também será no circuito de Hockenheim.
StockCar: Átila Abreu (Mobil Super Pioneer Racing) venceu a décima etapa da Stock Car disputada em Curitiba (PR). Depois de largar na pole, o piloto do carro #51 até chegou a perder a primeira posição, mas ao conseguir ficar mais tempo na pista e poupar os pneus, abriu vantagem na parada dos boxes e voltou na frente dos rivais. Átila encerrou o jejum de vitórias justamente na pista onde venceu a última corrida no ano passado. Completaram o pódio Thiago Camilo (Ipiranga-RCM) e Daniel Serra (Red Bull Racing), pilotos que estão em segundo e primeiro lugar na disputa pelo campeonato.
Fotos: Site oficial Scott Dixon
Twitter: @prikinder