“Estou recomeçando a aprender aos 40 anos”.
 
Foi com essa declaração que Rubens Barrichello, um veterano nos monopostos, passou à condição de estreante em um carro de turismo. Inicialmente, o piloto iria disputar apenas a Corrida do Milhão em Interlagos e que encerra o campeonato no dia 9 de dezembro. Mas decidiu antecipar a estreia para esse fim de semana na etapa disputada no Autódromo Internacional de Curitiba.
 
Para quem não se recorda, na Fórmula 1 Barrichello disputou nada mais do que 19 temporadas seguidas. Foram 326 GPs – o que é um recorde – além de 11 vitórias, 14 poles e 68 pódios, conquistados durante a passagem por seis equipes: Jordan, Stewart, Ferrari, Honda, Brawn GP e Williams. Também foi vice-campeão nos anos de 2002 e 2004. Em 2012, também estreou em outra categoria, a Fórmula Indy. Correu pela equipe KV Racing e terminou o campeonato em 12º lugar.
 
Adoro assistir Stock Car. Estive várias vezes nos autódromos de Brasília e de São Paulo, mas admito que nesta temporada acompanhei poucas corridas. Tenho uma torcida carinhosa por alguns pilotos da categoria e confesso que com a participação do Rubinho meu interesse está de volta! E em tempo de ver com mais atenção as duas últimas corridas do campeonato. Quero estar em Interlagos para acompanhar tudo bem de pertinho! Afinal, quem não fica curioso para saber como um piloto que disputou F1 e Indy se comporta em um carro como o da Stock Car? E por ser quem é e ter escrito uma história no automobilismo, Rubinho sempre vai atrair todas as atenções por onde passar.
 
Apesar de estar sob todos os holofotes e flashes durante o fim de semana, o veterano-estreante fez uma prova que chamo de “discreta”. Com o carro de número 17, em homenagem ao piloto Ingo Hoffmann e maior vencedor da categoria, Barrichello largou em 15º, envolveu-se numa confusão logo na primeira curva e caiu algumas posições. Fez uma corrida de recuperação, algumas ultrapassagens, mas um pneu furado o levou aos boxes. E como estava sem o rádio desde a segunda volta, Rubinho não teve como dizer a equipe que queria a troca dos quatro pneus. Substituíram só o que estava furado e o carro ficou, segundo ele, desequilibrado. Terminou a prova em 22º lugar.
 
 
A vitória em Curitiba ficou com Átila Abreu (Mobil Super Pioneer), seguido por Allam Khodair ((Vogel Motorsport) e Daniel Serra (Red Bull Racing). Cacá Bueno (Red Bull Racing) chegou em quinto e ampliou a vantagem na liderança do campeonato, já que o vice-líder Ricardo Maurício (Eurofarma RC) não terminou a prova.
 
Enquanto negocia a permanência na Fórmula Indy para o próximo ano, Rubinho aproveita o convite da equipe Medley/FullTime para ganhar experiência na Stock Car. E dar à categoria ainda mais visibilidade ou, quem sabe, atrair novos fãs. A participação dele nessa etapa e na próxima em Brasília, no dia 11 de novembro, é um treino para a meta principal: a Corrida do Milhão em São Paulo. Claro que além de uma realização pessoal, que é pilotar um carro de turismo no Brasil, o foco principal segundo Rubinho é ajudar o Instituto Barrichello Kanaan, o IBK, doando à entidade o cachê de R$ 230 mil. O projeto, com sede em São Paulo, foi criado em 2005 em parceria com o amigo Tony Kanaan, que também vai disputar as duas últimas etapas da Stock Car pela Bassani Racing.
 
 
Vale lembrar que Rubens Barrichello é o 14º piloto a participar da Fórmula 1 e da Stock Car, juntamente com Raul Boesel, Info Hoffmann, Chico Serra, Christian Fittipaldi, Tarso Marques, Enrique Bernoldi, Ricardo Zonta, Luciano Burti, Roberto Pupo Moreno, Luiz Pereira Bueno, Wilson Fittipaldi Jr., Antonio Pizzonia e do canadense Jacques Villeneuve, que foi o convidado da corrida do milhão do ano passado.
 
Twitter: @prikinder
 
crédito da primeira foto: Duda Bairros/Vicar
crédito da foto (carro e pilotos) Miguel Costa Jr/MF2