domingo, 18 de outubro de 2009

A volta por cima de Rubens Barrichello

Faltam poucos minutos para começar o GP Brasil de Fórmula 1. Faz sol em Interlagos, diferentemente do que aconteceu ontem nos treinos de classificação, por sinal momentos muito emocionantes para nós brasileiros.

Rubens Barrichello, 37 anos, piloto da Brawn GP, disputa a 17ª temporada de Fórmula 1. Sua carreira foi marcada por vários acontecimentos. Em 1994, depois do acidente de Ayrton Senna em Ímola, o Brasil achou que ele poderia ser o substituto do maior piloto de todos os tempos. E isto não aconteceu, pelo fato de que são dois pilotos com estilos diferentes mas com algo em comum: ser brasileiro. Ah, podemos dizer que eles também são comuns no time de futebol: o Corinthians.

Depois, foi a vez de Barrichello ir para a Ferrari, ser a sombra de Michael Schumacher, outro gênio dos últimos tempos. Rubens não seria campeão do mundo na equipe de Maranello afinal os holofotes eram todos para o piloto alemão.

Muitos anos de Ferrari certamente ensinaram Barrichello a tirar proveito de acertos de carro, de sempre fazer o melhor quando estivesse na frente e de que a experiência a gente conta pelos anos vividos, assim como por erros e acertos acumulados durante a vida.

E foi no final do campeonato de 2008 quando a Honda anunciou que estava fora da F-1 que Rubens Barrichello praticamente viu as portas fechadas. Chegou até a cogitar a possibilidade de correr na Indy. Parecia ser a aposentadoria de um piloto que ainda tinha muito para mostrar.

Eis que Ross Brawn comprou o que era a equipe japonesa, chamou dois pilotos experientes como são Rubens Barrichello e o inglês Jenson Button para disputar esta temporada. Não se arrependeu. A equipe começou bem, vitória logo na primeira corrida e nas seguintes com Jenson Button. O campeonato de construtores está nas mãos da Brawn GP. Barrichello ganhou duas provas e desde então segue vivo na disputa do título mundial.

Temos um Rubens Barrichello, pole position em Interlagos, diferente dos últimos tempos. Está mais sereno, pés no chão, acreditando mais em si mesmo e em todo trabalho que fez neste e em todos os outros anos desde que resolveu escrever sua história no automobililsmo.

Admiro Barrichello porque ele é exatamente aquilo que você vê quando ganha ou quando perde. Ele chora, ele vibra, ele fica bravo (hoje em dia segura mais as palavras, acho que é melhor) e você vê isto na cara dele. Ele é família, é um cara que sempre acreditei que poderia fazer a diferença quando ficasse mais maduro em relação ao seu profissionalismo.

E ontem, ver a segunda pole de Rubinho em Interlagos - a primeira foi em 2004 - foi um momento muito especial. O ano começou com o Brasil querendo que Felipe Massa disputasse o título, afinal ele perdeu o título para Lewis Hamilton em 2008 também em Interlagos. Mas, como sempre os deuses do automobilismo gostam de escrever histórias diferentes a cada temporada, quis o universo que a Brawn GP existisse, que Rubens Barrichello tivesse um carro competitivo e que Felipe Massa não brilhasse em sua Ferrari. Claro que o acidente no GP da Hungria - que tirou Massa do restante da temporada - e a demissão de Nelsinho Piquet da Renault deixou nosso Barrichello em evidência.

A disputa pelo campeonato é na pista. Vai vencer quem for o melhor e quem também contar com a sorte. Claro que meu desejo é ver Rubens Barrichello campeão do mundo, mas temos que ser realistas e ter os pés no chão. É claro que a vitória aqui no Brasil é bem vinda, mas ainda tem a corrida em Abu-Dhabi daqui a duas semanas, onde termina a temporada de 2009.

Seja o que for definido para esta corrida, Rubinho já fez muito até aqui. Merece ser lembrado como um grande piloto, que fez a diferença e que escreveu sua página na história do automobilismo mundial.

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